Rumo
a Rio+20: vinte anos de acordos internacionais
para um desenvolvimento sustentável
para um desenvolvimento sustentável
Lucicleide Ferreira
de Lima
A Rio+20 que acontecerá nos
dias 13 a 22 de junho de 2012, no Rio de Janeiro, é uma Conferência das Nações
Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a qual irá reunir representantes de
diversos países e líderes em âmbito global. Este cenário promoverá uma avaliação
das propostas sugeridas noutras conferências ambientais já realizadas, e firmar
novos acordos visando o comprometimento político com um desenvolvimento
sustentado. Relevantes temas serão abordados tais como: Agenda 21, a Carta da
Terra, as Convenções do Clima e da Diversidade Biológica e a Economia Verde.
Cabe citar um breve
histórico das Conferências das Nações Unidas sobre o meio ambiente e
Desenvolvimento Sustentável, dentre elas a Rio 92, também realizada na cidade
do Rio de Janeiro, que foi um marco histórico para as questões ambientais, essa
Conferência marcou o reconhecimento, a nível internacional, da importância da
preservação do meio ambiente como condição para a continuidade da vida. Para
responder as questões levantadas pela Rio 92, os organismos internacionais
realizaram 27 conferências das partes sobre mudanças climáticas e
biodiversidade. Um dos principais acordos dessas conferências foi a abertura em
1997 do Protocolo de Quioto, sendo ratificado em 1999, e tinha como objetivo
garantir até 2012, ano vigente, que os países diminuíssem as emissões de gases
causadores do aquecimento global. Em 2008, para muitos países membros da União Européia,
isso representava uma diminuição de 15% na emissão de gases de efeito estufa, o
problema é que estes países nunca desaceleraram suas economias para reduzir a poluição
que causam.
Para resolver essa questão foi
criada a REDD - Redução de Emissões por Desmatamento e Destruição, chamada de
crédito de carbono, que são a criação de iniciativas de baixa emissão de
carbono e, que ao final do processo as empresas que reduzirem a emissão dos
gases de efeito estufa receberão um certificado por ter alcançado tal objetivo.
A conseqüência disto, foi que os países desenvolvidos não apenas transferiram
suas responsabilidades para os países mais pobres, como passaram a se apropriar
da gestão de suas florestas e de seus territórios, um exemplo é o Equador que
começou a implantar em 2009 a obtenção de 4 milhões de dólares em créditos de
carbono em troca de oxigênio produzido pelos seus quatro milhões de hectares. Outro
exemplo foi de uma empresa que gastou 5 milhões de dólares na construção de um
incinerador que converte lixo em energia elétrica, e recebeu 500 milhões de dólares
em créditos de carbono pela diminuição de gases causadores do efeito estufa que
deixaram de ser emitidos, este quadro demonstra que o mercado financeiro
internacional tem interesses no lucro, nos quais os créditos de carbono são
negociados nas bolsas de valores e repassados para as empresas poluidoras,
sendo mais uma especulação internacional entre as partes do que até mesmo uma
visão de desenvolvimento sustentável, essa é a chamada Economia Verde, ou como
classificam as redes sociais e ONG’s: uma “nova versão do capitalismo”.
A legitimidade da Economia Verde
e o interesse do mercado internacional nas questões ambientais foram sendo
consolidados no percurso das 27 conferências das partes sobre mudanças
climáticas e biodiversidade, dentre estas conferências é imprescindível citar a
COP15, que foi a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas
para as mudanças Climáticas, realizada em Copenhague em 2009, e a COP16, que
aconteceu em Cancun, México, que propuseram ao mercado e ao governo
transformarem a natureza em objeto de especulação para o mercado internacional.
Em 2011, dando continuidade aos acordos anteriores, aconteceu a COP17 em
Durban, na África do Sul, já nesta conferência a sociedade civil se contrapôs
ao mercantilismo ecológico, realizando protestos e manifestações para que o
aprofundamento do Acordo da COP16 em Cancun não fosse vigorado.
Todavia, para assegurar o
comprometimento político com o meio ambiente, a Rio+20 irá avaliar estes
acordos anteriores implantados deste a Rio 92, que resultaram na
comercialização de créditos de carbono, chamada de Economia Verde. Ressalta-se
que este conceito de economia verde está inserido no contexto de
desenvolvimento sustentável, o que é uma controvérsia, tendo em vista os ganhos
financeiros e as especulações internacionais em créditos de carbono no mercado
internacional, comparado com a mínima efetividade das políticas ambientais
implantados nos paises-parte, tornando-se um modelo insustentável em escala
global.
Dentre outros temas que
serão abordados na agenda da Rio+20, estão as chamadas tecnologias verdes, que
tratam da biomassa em relação aos alimentos e a agricultura, a nanotecnologia
que não se refere apenas a setores médicos e farmacêuticos, como também ao meio
ambiente, a geoengenharia que acredita que o aquecimento global pode ser
corrigido com a tecnologia, e a biotecnologia sintética, que tem como objetivo
transformar o elemento da biomassa em produto para o mercado.
Portanto, diante de temas
relevantes que serão tratados na Conferência Oficial, e percebendo a
necessidade de contrapô-los, é que as redes sociais, os movimentos sociais e os
líderes ambientais, tanto do 3º setor e até mesmo do governo, estão se organizando
nos mesmos dias da Rio+20, com a chamada “Cúpula dos Povos para Justiça Social
e Ambiental”. A Cúpula dos Povos iniciará seus trabalhos nos dias 15 a 20 de
junho, paralelo a Rio+20, com três assembleias de povos de diversos países e
movimentos nacionais e internacionais, e que discutirão as causas estruturais
das conferências de meio ambiente, nestes 20 anos, compreendidos entre a Rio 92
a Rio+20. Esperam-se resultados positivos que beneficiem ao meio ambiente e a
sociedade, e não mais alguns acordos fracassados que já duram 20 anos.
Nós parecer o capitalismo, promovendo um habeas corpus, para continuar destruindo em favor da riqueza de poucos.
ResponderExcluirExcelente explanação sobre a RIO+20. Abordar o capitalismo quanto à compensação financeira com o crédito de carbono é um ponto fundamental a ser observado. Tendo em vista que os Grandes Capitalistas detentores de uma economia de grande porte (de poluição também) utilizam-se destes "créditos" de carbono de países em desenvolvimento para continuarem a fazer as mesmas coisas sem a devida preocupação com o desenvolvimento sustentável (local) de fato.
ResponderExcluirPelo que tenho lido sobre a RIO+20, será mais do mesmo, pouco avanço. Talvez as últimas notícias e descobertas que enfraqueceram a hipótese do aquecimento global de origem antrópica tenham esfriado os objetivos da Conferência. Apesar de não termo grandes avanços, acredito que o Brasil continuará exercendo um papel de líder, temos uma das economias mais verdes do mundo e nossa matriz energética é limpa em sua maior parte. Quanto ao fato do Capitalismo transformar questões ambientais em moeda do troca, é inevitável, este é o sistema de trocas e interesses que impera no mundo, até hoje não criaram um melhor, por isso, a questão ambiental deve ser economicamente viável, senão, ficará relegada à acordos sem nenhum efeito prático.
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