A crise ambiental no
contexto Norte-Sul
Lucicleide
Ferreira de Lima[i]
O modo de produção capitalista que tem
como objetivo a geração de lucros tem proporcionado danos ambientais, sociais e
econômicos tanto nos paises do Norte como os do Sul.
Para o historiador inglês Paul
Kennedy, a fonte de conflitos ambientais são consequências da nova revolução
industrial gerada pela construção de novos parques industriais tecnologicamente
modernos. Isto ocasionou a substituição do trabalhador por equipamentos
automatizados que proporcionam um aumento na produtividade, por outro lado, a
saída daqueles trabalhadores provoca um alto índice de desemprego.
Este debate apresenta um novo panorama
acerca do futuro da humanidade e o crescimento das desigualdades sociais em
termos globais com ênfase no abismo que separa os Estados do Norte e os Estados
do Sul.
Apoiada nas considerações de José William Vesentini, geógrafo
brasileiro, em sua obra Novas Geopolíticas (2000). Percebe-se que o
mesmo ao investigar as maiores disparidades entre o Norte e o Sul, detectou a
problemática da demografia nos países pobres, onde as pessoas migram para os
países ricos em busca de bem estar social. Esta emigração é provocada pelo
próprio capitalismo que precariza as condições de trabalho nos países do Sul, e
posteriormente, emprega os imigrantes com mão-de-obra barata nos países do
Norte.
Destacando-se os padrões de
desigualdades que caracterizam o estilo de desenvolvimento atual,
diagnosticaram-se seqüelas de marginalização e de desintegração social,
provocadas pela fragmentação institucional da sociedade contemporânea.
Observa-se que as estruturas do mercado são imperfeitas, uma vez que beneficiam
apenas uma parcela da comunidade global aqueles grupos que tem maior acesso a
recursos financeiros.
Em relação à questão ambiental e a
forma como são tratadas pelo Norte e pelo Sul, tem-se como exemplo a industrialização
da China e da Índia. Nestes dois casos tem-se a priorização do desenvolvimento
em detrimento à questão ambiental. Se tal movimento gera aumentos expressivos
do PIB dos níveis de vida de parcela considerável de suas populações, por outro
lado, observa-se uma depreciação dos espaços urbanos. Como exemplo, citam-se os danos ambientais devido às
emissões de carbono na atmosfera.
Comparando o atual cenário de busca
desenfreada do crescimento econômico nos países em desenvolvimento, com o que
foi produzido na primeira Revolução Industrial pelos países desenvolvidos,
caberia perguntar se são justas as reclamações acerca da degradação ao meio
ambiente que os países ricos alegam ser praticadas pelos países pobres, uma vez
que, no passado, os mesmos países ricos utilizaram esse método para o seu
crescimento econômico.
Na história dos países desenvolvidos,
ressalta Vesentini que os norte-americanos e europeus destruíram grande parte
de suas florestas no século XIX, e que, atualmente, um norte-americano consome
em média 15 (quinze) vezes mais energia do que um brasileiro. Isso mostra o
índice de desenvolvimento da matriz energética nos países ricos. No entanto,
são crescentes as pressões dos países desenvolvidos contra o desmatamento da
Amazônia. Assim, o que se nota é uma controvérsia gerada pela proposta de crescimento
econômico, defendido pelas nações ricas e a proposta gerada a favor do
desenvolvimento sustentável, a qual para se consolidar, requisita a ruptura com
o modelo anterior de desenvolvimento e crescimento econômico.
Essa postura das autoridades dos
países desenvolvidos parece estar ligada a certa preocupação com as ameaças
geradas pelo desenvolvimento das economias periféricas, como é o caso da China,
da Índia e do Brasil.
Já nas economias do Norte que são
industrializadas, os problemas de meio ambiente estão associados à poluição e
as políticas econômicas implantadas nestes países. Estes buscam evitar o
agravamento da degradação e restaurar os padrões de qualidades de água, ar e
solo. Nos países em desenvolvimento, contrariamente, a crise ambiental está
relacionada ao aumento da miséria e à degradação dos recursos naturais,
inclusive as matérias primas, que são exploradas e exportadas para os países
desenvolvidos.
Consequentemente, não apenas a
distância econômica aumentou entre o Norte e o Sul, como também o abismo em
relação à crise ambiental entre os dois mundos, embora tanto os países do Norte
como os do Sul sofram os mesmos impactos desta crise. A maioria dos problemas
globais referentes à degradação do meio ambiente está relacionada ao
comprometimento da camada de ozônio e ao efeito estufa; à degradação dos
recursos naturais não renováveis; e, ainda, à miséria a que está submetida.
Restando, portanto, uma pergunta: Como
exigir que populações famélicas e excluídas econômica e culturalmente adotem os
princípios do desenvolvimento sustentável?
[i] É internacionalista de formação e escreve no
Blog do Professor Creomar de Souza todas as quintas-feiras. As opiniões aqui expressas são de responsabilidade
exclusiva do autor.
Lucicleide Ferreira, sem dúvida não é fácil exigir que populações com economias desfavorecidas criem a cultura do desenvolvimento sustentável, porém, não é impossível. O ideal seria que as economias dos países desenvolvidos dessem o exemplo, ao invés de só se focarem na busca pelo desenvolvimento econômico, como você bem coloca em seu texto. Só assim teremos um mundo melhor para todos, principalmente para aqueles que ainda virão. Parabéns pelo artigo. (Fúlvio Costa, jornalista) www.blogdofulviocosta.blogspot.com
ResponderExcluirExcelente artigo.
ResponderExcluirNão é possível persistir neste modelo de desenvolvimento sem causar danos ambientais irreversíveis. As nações mais ricas tem uma responsabilidade maior pelo atual cenário, nada mais justo do que subsidiarem o desenvolvimento sustentável dos emergentes. O Brasil tem se destacado no cenário internacional por ter uma das economias mais "verdes" do mundo, este é um ponto crucial para o futuro do planeta, as economias, principalmente das grandes potências, terão que adotar modelos mais sustentáveis.
Bruno Lima - Ministério Público da União.
Os paises do norte degradaram o ambiente durante séculos, e em nome de suas explorações, e do capitalismo selvagem, poluindo o que o ser humano tem de mais precioso,(o seu planeta, que é aquilo que deixarão de herança para os filhos) e o pior é que ninguém se da conta disso. Tudo isso implica em má qualidade de vida para todos, mesmo os que nao forem pegos agora, serão mais tarde seja rico ou pobre.
ResponderExcluirE com o desenvolvimento de outros paises, se não forem achadas maneiras de sustentáveis para o crescimento, o planeta não aguentára.