Kerry disse estar confiante de que o primeiro-ministro iraquiano pode derrotar os militantes que no sábado ocuparam a cidade estratégica a oeste de Bagdá
O secretário de Estado americano, John Kerry, disse neste sábado (04)
que os Estados Unidos vão ajudar o Iraque "no que for possível" a lutar
contra a Al-Qaeda, mas descartou que tropas americanas voltem a pisar
no país árabe.
Em
declarações feitas quando partia de Jerusalém para Jordânia e Arábia
Saudita, Kerry disse estar confiante de que o primeiro-ministro
iraquiano, Nouri Maliki, pode derrotar os militantes, que no sábado
ocuparam a cidade estratégica de Falluja, a oeste de Bagdá.
"Vamos
apoiar o governo do Iraque e todos os outros envolvidos em minar os
esforços (dos militantes) de desestabilizar (o país)", afirmou Kerry, em
visita ao Oriente Médio para acelerar o passo das negociações de paz
entre israelense e palestinos. E acrescentou: "Não estamos cogitando
enviar tropas. Esta luta é deles."
No sábado, o governo do Iraque
anunciou ter perdido o controle de Fallujah. Uma fonte do setor de
segurança do país disse à BBC que o Estado Islâmico do Iraque e o
Levante, ambos grupos ligados à Al-Qaeda, controlam a parte sul da
cidade.
Um repórter iraquiano que está em Fallujah informou que o
resto da cidade está sob controle de milicianos tribais ligados também à
Al-Qaeda e militantes.
Neste domingo, atentados a bomba na
capital Bagdá deixaram ao menos 19 mortos. Segundo fontes médicas e da
polícia, o ataque mais sério matou nove pessoas e feriu 25 no distrito
xiita de Shaab.
Os confrontos não se limitam apenas a Fallujah e ocorrem também em Ramadi
As
duas cidades ficam na província de Anbar (oeste do país) e os combates
envolvem membros da organização sunita Estado Islâmico do Iraque e do
Levante, ligada também à Al-Qaeda.
Os choques começaram depois que os soldados do
governo desmantelaram um acampamento de manifestantes árabes sunitas na
cidade de Ramadi, na segunda-feira.
Os sunitas acusam o governo, liderado pelos xiitas, de marginalizá-los no Iraque.
Os
sunitas também afirmam que a comunidade, que é minoria no país, está
sendo alvo das medidas contra o terrorismo implementadas para acabar com
a violência sectária.
O premiê iraquiano afirmou que o Exército não vai recuar até eliminar todos os grupos militantes na província de Anbar.
"Não
vamos recuar até acabar com todos os grupos terroristas e salvar nosso
povo em Anbar", disse o premiê segundo o canal de televisão estatal
Iraqiya.
'Tomada pacífica'
Na terça-feira o
primeiro-ministro Nouri Al-Maliki concordou em retirar o Exército de
cidades da província de Anbar para permitir que a polícia retomasse o
controle da segurança.
Mas, assim que os soldados saíram de seus
postos, militantes ligados à Al-Qaeda apareceram em Ramadi, Fallujah e
Tarmiya, invadindo delegacias, libertando prisioneiros e apreendendo
armas.
No dia seguinte, Maliki reverteu a decisão e enviou os soldados de volta à Anbar.
Mas,
na quinta-feira, os militantes em Ramadi e Fallujah hastearam bandeiras
negras em prédios e usaram os sistemas de som das mesquitas para
convocar os habitantes da cidade a se juntar à luta e apoiar uma "tomada
pacífica".
Nos últimos meses os militantes sunitas aumentaram o
número de ataques em todo o Iraque. Os grupos xiitas, por sua vez,
começaram a realizar represálias violentas, o que aumenta o temor de um
conflito sectário no país.
A ONU diz que o ano passado foi o mais
violento no Iraque desde 2008. Em 2013, pelo menos 7.818 civis e 1.015
membros das forças de segurança foram mortos em ataques sangrentos no
país.
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