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quinta-feira, 29 de março de 2012

BBC - Brics.

Brics assinam acordo de investimento e comércio em moedas locais

Iracema Sodré

Enviada especial da BBC Brasil a Nova Déli

Os presidentes de bancos de desenvolvimento dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) assinaram nesta quinta-feira, em Nova Déli, na Índia, acordos que vão permitir o financiamento de comércio e investimento em moeda local, um assunto que vem sendo discutido desde a primeira reunião do grupo.

O objetivo da medida é aumentar a cooperação entre os bancos de desenvolvimento dos Brics e elevar o comércio entre os países do bloco, já que facilita a obtenção de financiamento com instituições de fomento do país onde o investimento será realizado, e também evita a vinculação do negócio ao dólar, e portanto, a exposição à flutuação cambial.

Segundo a presidente Dilma Rousseff, a medida será um dos pilares do dinamismo das economias do grupo.

"Os Brics continuam sendo um elemento dinâmico da economia global e vão responder por uma parcela significativa do comércio. A notável expansão dos últimos anos do comércio intra Brics evidencia também o potencial das nossas relações. Nós passamos de US$ 27 bilhões em 2002 para estimados US$ 250 bilhões em 2011", disse a presidente.

Ela também afirmou que a definição de um grupo de trabalho para criar um banco de desenvolvimento dos Brics - que atue especialmente em projetos de infraestrutura, inovação, e ciência e tecnologia - sinaliza a disposição dos países de trabalhar em projetos conjuntos.

A presidente voltou a criticar as políticas adotadas pelo Banco Central Europeu e pelos Estados Unidos para conter a crise.

"Medidas exclusivas de política monetária não são suficientes para a superação dos atuais problemas da economia mundial. (...) Ao mesmo tempo, elas introduzem grave desequilíbrio cambial, por meio da desvalorização artifical da moeda e pela expansão da política monetária", disse.

A presidente Dilma defende que a depreciação do dólar e do euro decorrente destas medidas traz vantagens comerciais para os países desenvolvidos, mas diminui a competitividade dos produtos de outros países, como o Brasil.

Reformas

Na declaração conjunta divulgada ao fim da Cúpula, os Brics voltaram a defender uma reforma mais efetiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, aumentando a representatividade dos países emergentes.

Como era esperado, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul não apoiaram nenhum candidato à presidência do Banco Mundial, mas voltaram a defender que a escolha seja feita por mérito e não por critérios geográficos, já que, tradicionalmente, a liderança da instituição fica nas mãos de americanos, enquanto o FMI é presidido por um europeu.

Segundo uma das principais negociadoras brasileiras nos Brics, a embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, o fato de o presidente americano, Barack Obama, ter apoiado a candidatura de Jim Yong Kim, que nasceu na Coreia do Sul e tem experiência no setor de desenvolvimento, sinaliza que as reivindicações do grupo estão, de certa forma, sendo ouvidas.

"Mostra uma disposição por parte dos Estados Unidos de dar atenção à pauta que preocupa os Brics. Uma forma de lançar um candidato com condições de vencer."

A declaração dos Brics também mencionou a importância da Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, e condenou a violência na Síria.

Após o fim da cúpula, Dilma Rousseff se reuniu com o presidente Dmitri Medvedev, quando os dois líderes discutiram cooperação na área científica, tecnológica e de inovação, além de possíveis parcerias nas áreas de satélites e petróleo e gás, e a perspectiva de exportação de carne brasileira para o mercado russo.

A presidente não quis comentar a posição da Rússia em relação ao Irã, mas enfatizou a posição brasileira.

"A posição do Brasil é clara. O Brasil acha extremamente perigosas as medidas de bloqueio de compras do Irã", disse. "Compreendemos que outros países têm (relações comerciais com o Irã) e precisam dessas compras, mas achamos necessário que haja, de parte a parte, uma redução do conflito, para que se estabeleça o diálogo."

Dilma Rousseff também defendeu o direito de os países usarem energia nuclear para fins pacíficos, assim como o Brasil faz.

Na sexta-feira, a presidente brasileira tem encontros com líderes políticos e empresários indianos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Valor Econômico - FMI solta versão 'light' de controle de capital

Alex Ribeiro | De Washington


O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulga nos próximos dias um documento sobre controles de capitais que reflete a profunda divisão entre países emergentes e avançados sobre o tema. A simples divulgação do documento é, para muitos, um sinal de vitória das economias avançadas que, de forma geral, querem uma espécie de código de conduta para os controles de capitais. Mas as economias emergentes conseguiram suavizar os termos finais do documento para evitar que ele se torne uma camisa-de-força.

O documento, chamado "Recente experiências na administração de controles de capitais", foi discutido em fins de março em reunião da diretoria-executiva do FMI, na qual o Brasil é representado pelo economista Paulo Nogueira Batista Jr. O tema controle de capitais deverá ser um dos mais importantes na reunião de primavera do FMI, que ocorre em Washington na semana que vem.

A vitória mais importante dos emergentes no sentido de suavizar o documento foi eliminar qualquer palavra que pudesse dar a entender que o documento será um código de conduta para controles de capitais. Por insistência de países emergentes, o FMI também deixará claro que o documento é parte de uma iniciativa mais ampla para entender os fluxos de capitais, incluindo o papel da política monetária de economias desenvolvidas.

Do ponto de vista prático, as mudanças exigidas pelos países emergentes tornam menos provável que o documento seja usado como guia dentro do FMI para monitorar os controles de capitais nos chamados relatórios do artigo IV, em que o organismo faz uma revisão crítica da política econômica de cada uma dos seus países-membros.

Os países desenvolvidos querem que o FMI passe a monitorar os controles de capitais adotados pelos seus membros. Em geral, eles aceitam o princípio de que, em alguns casos, as economias podem lançar mão de medidas de controle para lidar com fortes fluxos de capitais. Mas querem impor restrições a esses controles e defendem que o remédio seja usado como um último recurso.

Já os países emergentes, de forma geral, não concordam com nenhum tipo de restrição nem monitoramento das suas medidas de controle de capitais.

Nas discussões dentro da diretoria-executiva do FMI, os emergentes insistiram na tese de que, se as economias avançadas querem uma espécie de código de conduta para os controles de capitais, será necessário também criar um código de conduta para monitorar as ações dos países ricos que engrossam os fluxos de capitais, como a atual expansão quantitativa feita pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Não é a primeira vez que os países desenvolvidos tentam criar regras para os controles de capitais. Em fevereiro, eles defenderam essa posição na reunião do G-20 promovida em Paris. Naquela ocasião, eles não conseguiram levar adiante seus objetivos, porque no G-20 as decisões são tomadas apenas por consenso. Mas dentro do FMI eles têm a maioria dos votos, por isso conseguiram aprovar o documento.

A batalha travada dentro do FMI é sobretudo retórica. O organismo não pode exigir que os países deixem de adotar controles de capitais, pois esse instrumento é expressamente autorizado pelo estatuto de constituição do Fundo. Mesmo sem poder tomar medidas concretas, porém, o FMI procura influenciar as políticas de seus membros por meio de palavras.

Nas últimas décadas, o FMI pregou a abertura das contas de capitais e, em geral, se opunha aos controles. Depois da atual crise financeira mundial, porém, passou a admiti-los, como um último recurso, apenas de forma temporária. Documentos divulgados no ano passado pelos técnicos do FMI diz que as economias só devem adotar controles depois de tomadas outras medidas estruturais, como deixar sua taxa de câmbio se valorizar e promover apertos fiscais.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

FMI prevê expansão de 4,5% e índice é o que mais sobe entre os Brics

Rosana Hessel

Publicação: 26/01/2011 08:28 Atualização: 26/01/2011 08:32

Os indianos, na companhia dos chineses, são o povo mais beneficiado pela recuperação global neste ano e em 2012: investimento em infraestrutura (Indranil Mukherjee/AFP - 24/2/10)
Os indianos, na companhia dos chineses, são o povo mais beneficiado pela recuperação global neste ano e em 2012: investimento em infraestrutura
O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou de 4,1% para 4,5% a estimativa de expansão da economia brasileira neste ano. O Brasil foi o país que obteve o maior aumento nas projeções entre os Brics, grupo que reúne os principais emergentes — Brasil, Rússia, Índia e China. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas) chinês e o indiano tiveram mudança na previsão, a Rússia ficou com uma correção menor.

A instituição multilateral de crédito manteve em 4,4% a previsão de crescimento do Brasil em 2012. Em comparação à média de expansão mundial calculada pelo Fundo, o ritmo do país superou os 4,4% esperados neste ano. O FMI ampliou em 0,2 ponto percentual a expectativa de crescimento da economia russa neste ano, para 4,5%. O organismo também manteve em 4,4% as projeções para a Rússia em 2012. No caso da China e da Índia, o órgão prevê que os dois países avancem, respectivamente, 9,6% e 8,4% em 2011, e, 9,5% e 8% em 2012.

“Essa revisão dos números do FMI é bastante positiva para o Brasil, pois confirma o momento positivo que o país atravessa. Mas é importante conter os gastos da máquina pública para não gerar inflação e piorar as contas do governo”, analisou o professor de Relações Internacionais do Ibmec-DF Creomar Lima Carvalho de Souza.

Ao divulgar ontem a revisão da última edição do estudo Panorama Econômico Global, o FMI afirmou que a reavaliação ocorreu diante do avanço da recuperação dos países afetados pela última crise, detonada em 2008. Mas a retomada ocorre em dois ritmos: os países desenvolvidos avançam mais lentamente do que os emergentes. A China e a Índia são os dois grandes motores para a expansão de 6,5% esperada para as nações em desenvolvimento neste ano e no próximo. Os dois países são, hoje, os que mais investem em infraestrutura.

Logística
“A confirmação da retomada do crescimento da economia mundial é um fator extremamente favorável para o Brasil, que é um grande exportador de produtos básicos. Eles devem continuar com os preços em alta, o que será melhor para o país”, afirmou Souza ao analisar as perspectivas do mercado externo. Em relação ao interno, o professor acredita que os investimentos em infraestrutura e logística necessários ajudarão a manter o consumo doméstico aquecido, gerando emprego e renda e contribuindo para uma expansão sustentável do país.

Os números otimistas do FMI, no entanto, tiveram um contraponto ontem na Europa, região que está com maiores dificuldades para se recuperar da crise. A economia da Grã-Bretanha surpreendeu os especialistas ao divulgar contração de 0,5% no PIB do quarto trimestre de 2010, depois que uma forte temporada de neve em dezembro pesou mais que o esperado. O mercado esperava expansão de 0,5% depois da alta de 0,7% registrada no trimestre anterior. Com isso, o índice FTSEurofirst 300, que mede o movimento das principais ações negociadas nas bolsas europeias, recuou 0,63%.


Desempenho internacional

Previsões de crescimento para 2011
(Em%)

Brasil - 4,5
Rússia - 4,5
Índia - 8,4
China - 9,6
Estados Unidos - 2,5
Zona do Euro - 3,0
Economias emergentes - 6,5
América Latina e Caribe - 4,3
Mundo - 4,4

Fonte: Fundo Monetário Internacional


FAO quer impedir especulação

O mundo se encaminha para uma crise alimentar, que prejudicaria principalmente os mais pobres e causaria instabilidade política. Por isso, é necessário impedir a especulação com a cotação dos itens alimentícios, afirmou o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o senegalês Jacques Diouf. “Os preços mais altos continuarão nos próximos anos se deixarmos de combater as causas estruturais dos desequilíbrios no sistema agrícola internacional”, afirmou Jacques Diouf ao jornal japonês Nikkei.

Segundo Diouf, os subsídios e as tarifas de importação sobre produtos agrícolas contribuem para distorcer o equilíbrio entre oferta e procura. Em relatório publicado neste mês, a FAO informou que seu índice global de preços alcançou um recorde em dezembro, superando os níveis de 2008, quando uma alta generalizada no custo da alimentação desencadeou distúrbios em diversos países. Devido a questões climáticas, o valor de vários tipos de grãos pode subir ainda mais neste ano.

Para Diouf, as populações mais pobres serão, novamente, as mais afetadas, o que pode gerar inquietação social. A preocupação do diretor ecoa declarações feitas anteontem pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, no início de seu período à frente do G-20 (grupo das 19 maiores economias do mundo e a União Europeia). Sarkozy cobrou medidas contra a especulação no preço dos alimentos, tomando como exemplo os controles globais que foram estabelecidos para os mercados financeiros.