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domingo, 9 de junho de 2013
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Carta Maior - O Irão e o Oriente Médio.
O cerco ao Irã
Todo o alarde por parte dos EUA e Israel é insustentável e serve para camuflar aquilo que realmente é motivo de preocupação: a crescente importância estratégica do Irã e sua liderança na região do Grande Oriente Médio. Longe de ser o arauto do apocalipse, o sonho do Irã, que sempre foi um "ator racional", é alcançar a hegemonia regional. Por quais motivos o Irã poderia ser convencido a suspender o enriquecimento nuclear sem que, da mesma forma que Israel, suas preocupações com sua segurança sejam levadas em consideração? O artigo é de Reginaldo Nasser.
Reginaldo Nasser
O Departamento de Estado dos EUA declarou no final do mês de dezembro que o Irã estava manifestando "comportamento irracional" ao ameaçar fechar o estreito de Hormuz, ponto de passagem de 20% do petróleo mundial. Algo improvável já que grande parte dos 2,2 milhões barris/dia (mais de 50% de sua receita) que o Irã exporta passa pelo Estreito e sua obstrução viria causar sérios danos em sua economia que já sofre com as sanções internacionais. Na verdade, a declaração do vice-presidente do Irã, Mohammad Rahimi, foi que "não passaria uma só gota de petróleo pelo Estreito SE o Ocidente impusesse sanções sobre as exportações de petróleo de seu pais”.
Como já é de costume, quando se trata dos países rotulados como rogue-states, a questão hipotética de uma agressão dos EUA foi simplesmente suprimida na grande imprensa internacional. O que fez com que a declaração do iraniano aparecesse como uma ameaça e não como uma provável reação a um ataque. Claro que não se trata de um simples problema gramatical, mas de sim de linguagem típica de um poder hegemônico.
O Irã voltou a ser objeto de preocupação da chamada comunidade internacional – isto é EUA, Inglaterra, França e Israel - após a divulgação do novo relatório da AIEA (Agencia Internacional de Energia Atômica), no dia 8 novembro 2011, sobre a possível construção de instalações nucleares para fins bélicos, em um momento de eleições nos paises envolvidos. Em março, o Irã realiza eleições parlamentares que se espera ser um confronto entre radicais e moderados, enquanto nos EUA os candidatos do Partido Republicano nos EUA já anunciam a necessidade de bombardear o Irã ao mesmo tempo em que criticam a "fraqueza" do presidente Obama.
A grande imprensa norte-americana, como sempre, deu sua prestimosa colaboração para acionar os tambores da guerra. The Washington Post e The New York Times estamparam em sua matéria de capa, um dia após a divulgação do relatório, a informação de que os investigadores da AIEA acumularam uma coleção de novas evidências de que o Irã manifestou objetivos bélicos em seu programa nuclear. No entanto em matéria publicada na revista The New Yorker (November 18, 2011 Iran and the IAEA.) Seymor Hersch, após entrevistar uma série de especialistas sobre o tema, concluiu que as alegações básicas no relatório não continham nada substancialmente novo.
Robert Kelley, ex-diretor da AIEA, Greg Thielmann, ex-funcionário do Departamento de Estado e especialista no tema, e a organização Arms Control Association, cuja missão é incentivar o apoio público para o controle de armas de destruição em massa, observaram que a AIEA apenas reforçou o que a comunidade internacional já sabia desde 2003. Ou seja, que o relatório da AIEA apenas aponta indícios preocupantes e não há nada que indique que o Irã está realmente construindo uma bomba.
Portanto, “um Irã com armas nucleares ainda não é iminente e nem é inevitável. Aqueles que querem angariar apoio para um ataque ao Irã estão deturpando o relatório”.
Patrick Pexton, ombudsman do Washington Post, e Arthur Brisbane, editor do New York Times, responderam às objeções dos leitores, dois meses depois, concordando que, em nenhum momento a AIEA chegou a fazer uma declaração conclusiva clara. Brisbane declarou ainda que a linguagem utilizada pelo NYT estava equivocada e que o NYT deveria corrigir sua matéria porque trata-se de um caso que uma frase não faz justiça a um conjunto de nuances reveladas pelos fatos. Sendo que a distinção a ser feita é importante porque “o programa iraniano tem aparecido como um possível casus belli (ver NYT Public Editor: IAEA ‘Stops Short Of Making A Clear Conclusive Statement’ On Iran Nuke Program http://thinkprogress.org/ By Ali Gharib on Jan 10, 2012).
Na retórica de muitos políticos e comentadores americanos e judeus, a República Islâmica do Irã é retratada como um regime que não pensa sua política externa em termos de interesses nacionais. Invocam cenários apocalípticos de um pais inclinado a usar armas nucleares contra alvos israelenses ou europeus, sem se importar com as conseqüências sugerindo que o Irã aspira, na verdade, à autodestruição. Pois é suficientemente conhecida a capacidade militar de Israel. Aliás, como já observou o analista do Air Force Research Institute, Adam Lowther, não apenas os judeus, mas os palestinos teriam razão de sobra para preocupação, porque um ataque nuclear contra Israel iria devastá-los também.
Na verdade todo esse alarde por parte dos EUA e Israel é insustentável e serve para camuflar aquilo que realmente é motivo de preocupação: a crescente importância estratégica do Irã e sua liderança na região do Grande Oriente Médio. Longe de ser o arauto do apocalipse, o sonho do Irã, que sempre foi um "ator racional", é alcançar a hegemonia regional. Nos últimos oitos anos, o Irã construiu uma enorme rede de influência com xiitas e sunitas após os EUA derrubarem seus dois principais inimigos: o Talebã no Afeganistão e Saddam no Iraque; consolidou suas alianças com Hamas e Hezbollah, legitimados por seus êxitos eleitorais, tornando-se peça decisiva na Palestina e no Líbano.
No mesmo mês em que o relatório da AIEA foi publicado, os EUA anunciaram a assinatura de um acordo de venda de armas, munições, peças de reposição, treinamento de pessoal militar com a Arábia Saudita no valor de $30 bilhões. De acordo com oficial do Departamento de Estado, Andrew Shapiro, "essa venda irá enviar uma forte mensagem aos países da região que os Estados Unidos estão comprometidos com a estabilidade no Golfo e Médio Oriente." Cabe lembrar ainda a fala do príncipe Turki al-Faisal (chefe de inteligência na Arábia Saudita ) em reunião ocorrida em uma base militar da OTAN no Reino Unido (os documentos foram revelados pelo Wall Street Journal 22/07/2011) que "o Irã é muito vulnerável no setor de petróleo, e é nele que mais poderia ser feito para coagir o atual governo”. Argumentou que “a Arábia Saudita tem plena capacidade de produção [reposição] de quase 4 milhões de barris/dia - que poderíamos quase instantaneamente substituir toda a produção de petróleo do Irã”.
Qualquer que seja o perfil de uma nova ordenação nuclear esta deverá ser o resultado da interação dos motivos pelos quais um Estado persegue a energia nuclear, a legitimidade das restrições e, principalmente, que o país possa ter sua segurança garantida. Assim, é compreensível que Israel não vai desistir de suas armas nucleares (elemento de dissuasão) até que as suas preocupações mais amplas de segurança sejam resolvidas (e talvez nem assim). Mas por quais motivos o Irã poderia ser convencido a suspender o enriquecimento nuclear sem que, da mesma forma que Israel, suas preocupações com sua segurança sejam levadas em consideração? (Stephen Walt, A non-proliferation puzzle. S Foreign Policy , May 6, 2010).
Portanto, a polêmica questão nuclear envolvendo o Irã só poderá ser realmente discutida se a comunidade internacional vinculá-la ao processo de paz na região. Por falar nisso, onde estão Brasil e Turquia que exerceram papel fundamental de mediadores da crise com Irã, em 2010, impedindo uma ação militar que parecia iminente?
(*) Professor de Relações Internacionais da PUC (SP) e do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP).
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Economist - Eleições presidenciais dos EUA.
A beatable president
But only if a Republican candidate starts laying out a sensible plan for the American economy
Jun 9th 2011 | from the print edition
NEXT week a collection of largely unknown Republicans will hold the first proper TV debate of the 2012 presidential campaign. Whoever eventually wins their party’s nomination then has to take on Barack Obama, the giant of American politics. The president has a huge war-chest, his own party firmly behind him and a rare capacity to inspire. Yet he is vulnerable. This week a poll showed him in a dead heat with Mitt Romney, the Republican front-runner. America’s sluggish recovery will give any challenger a chance. The question is whether any Republican has the personality and especially the ideas to take him on. For the best way to make this race competitive—and the best thing for America—is to force voters to confront the hard choices their country has to make.
This time, Mr President, you are playing Goliath
In terms of the horse race, an incumbent president (especially if he is without a primary challenger) usually has a head start. While the Republicans spend the next year clobbering each other, Mr Obama can appear statesmanlike and husband his resources. His approval rating is in the 50s, better than Bill Clinton’s at this stage in the proceedings in 1995, before he went on to score a solid victory against Bob Dole in 1996.
But whereas that Clinton race should encourage Mr Obama, the previous one should worry him. In spring 1991 George Bush senior was coasting towards re-election; by November 1992 the president was toast—and the main reason was a sluggish economy. This recovery, in the wake of the worst financial shock since 1929, is even slower. Growth in the first quarter was a feeble 1.8%. The unemployment rate actually rose, to 9.1%, in May: the rate of job creation is barely keeping track with the natural increase in the working-age population. Twice as many Americans think the country is on the wrong track as the right one. Many of the places where Americans feel angriest are battleground states: Florida, Michigan and Ohio all saw big Republican gains in the 2010 mid-terms.
In 2008 Mr Obama represented change. This time he will have to fend off charges that he is to blame for the achingly slow recovery by arguing that it would have been worse without his actions, such as his $800 billion stimulus package and the takeover of GM and Chrysler. That may be true but it is not easy to sell a counterfactual on the stump (as the first President Bush learned). And there are other holes in Mr Obama’s record. What happened to his promises to do something about the environment or immigration or Guantánamo? Why should any businessman support a chief executive who has let his friends in the labour movement run amok and who let his health-care bill be written by Democrats in Congress? Above all, why has he never produced a credible plan to tackle the budget deficit, currently close to 10% of GDP?
Asking these questions will surely give any Republican a perch in this race. But to beat the president, the Republicans need both a credible candidate and credible policies.
In terms of talent, the current line-up is not without hope (see article). Jon Huntsman, Tim Pawlenty and Mr Romney have all been first-rate governors: they can claim the sort of hands-on experience of government that Mr Obama so signally lacked in 2008. Mr Romney could get it right this time (see Lexington); or the more charismatic Mr Huntsman could soar. All the same, there are other current and former governors who this newspaper wishes were in the race—notably Jeb Bush, Chris Christie, Mitch Daniels and Rick Perry. As for Sarah Palin, her antics are helping no one, other than Mr Obama; she should put up, or preferably shut up. Michele Bachmann, a right-wing congresswoman, can carry the tea-party banner.
Yes you can—if we can afford it
Talent is less of a problem than policies. A serious Republican candidate must come up with answers to the two big problems facing America’s economy: how to get more people back to work, and how to fix the deficit. The first requires a swathe of bold structural reforms to boost jobs and growth, the second a credible plan to balance the books in the medium term that does not wreck the economy in the short term.
When it comes to encouraging jobs, the Republican failure is largely one of inventiveness. They focus merely on tax cuts and slashing red tape. But what about a big new push to free up trade? Or an overhaul of the antiquated unemployment-insurance scheme and worker-training programmes that gets business more involved? Or serious immigration reform?
The Republican failure on the deficit is more serious. Mr Obama is deeply vulnerable here, not least because he is still trying to kid Americans that their fiscal future can be shored up merely by taxing the rich more. But the Republican solution of tax cuts and even deeper spending cuts (typified by Mr Pawlenty’s proposals this week) is arguably worse. Most of the burden of repairing America’s public finances should certainly fall on spending. But the deficit is simply too large to close through spending cuts alone. The overall tax take—at its lowest, as a share of GDP, in decades—must eventually rise.
An honest Republican candidate would acknowledge this and lay out the right way to do so—for instance, by eliminating distorting loopholes and thus allowing revenues to rise. He (or she) would also come up with a more systematic plan on the spending side. No Republican seems to understand the difference between good spending and bad. Investment in roads and education, for instance, ought not to be lumped in with costly and unreformed entitlements, like Social Security and Medicare. Defence should not be sacrosanct. That Mr Obama has no strategy either is not an excuse.
In most elections promising toughness is not a successful tactic; but this time Americans know that their country has huge problems and that their nation’s finances are the biggest problem of all. In Britain the Conservatives made the incumbent Gordon Brown seem ridiculous by spelling out the austerity that he at first barely dared mention; now another tough-talking centre-right party has won in Portugal (see article). If ever there was a time for pragmatic conservative realism, it is now. Mr Obama might also bear that in mind.
domingo, 7 de agosto de 2011
Estadão - Artigo de Paul Krugman
A Standard & Poor's e o rebaixamento dos Estados Unidos
Paul Krugman - O Estado de S.Paulo
Pois é, a Standard & Poor"s fez o que ameaçava fazer: rebaixou o rating dos Estados Unidos. É uma situação estranha.
Por um lado, agora justifica-se a afirmação de que a loucura da direita tornou os Estados Unidos uma nação fundamentalmente doente. Porque, de fato, é a loucura da direita: se não fosse o radicalismo dos republicanos, sempre contrários a impostos, seria possível chegar, sem nenhum problema, a um acordo que garantiria a solvência a longo prazo.
Por outro lado, é difícil imaginar uma entidade menos qualificada para passar um julgamento sobre o nosso país do que as agências de rating. Então as pessoas que classificaram os títulos respaldados em empréstimos subprime agora se declaram os juízes da política fiscal? É mesmo? E, para a coisa ficar mais perfeita, ficou claro que a S&P errou nos cálculos em US$ 2 trilhões; depois de muitas discussões reconheceu - e rebaixou a classificação. Mais do que isso, tudo o que já ouvi sobre as exigências da S&P indica que a agência está falando absurdos a respeito da situação fiscal dos EUA. Ela sugeriu que o rebaixamento se deu por causa do montante da redução do déficit que havia sido negociada para a próxima década, e aparentemente acenou com o mágico número de US$ 4 trilhões.
Entretanto, a solvência dos EUA não depende do que acontece a curto e até mesmo a médio prazo: mais de U$ 1 trilhão de dívidas representa um aumento de apenas uma fração de um ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) aos custos dos juros futuros. Portanto, U$ 2 trilhões a mais ou a menos não têm grande significado a longo prazo. O que importa é a perspectiva a prazo mais longo, que, por sua vez, depende em grande parte dos custos da saúde.
Então, do que é que a S&P estava falando?
Supostamente, ela possuía alguma teoria segundo a qual a restrição agora é um indicador do futuro - mas não há nenhuma boa razão para se acreditar nesta teoria, e seguramente a S&P não tem nenhuma autoridade para fazer esse tipo de vago julgamento político.Em suma, a S&P fez uma asneira - e, depois da débâcle das hipotecas, não tem mais esse direito. É um escândalo - não porque os EUA estejam numa boa situação, mas porque estas pessoas não têm condições de julgar.
É COLUNISTA DO NEW YORK TIMES
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
quinta-feira, 2 de junho de 2011
domingo, 29 de maio de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
Site R7 - Obama e a morte de Bin Laden
Obama é o grande vencedor com a morte de Bin Laden
Morte do terrorista pode ajudar reeleição do presidente dos EUA, em 2012
Maurício Moraes, do R7
Em apenas um dia, Obama viu sua popularidade disparar; há uma semana, presidente teve de provar que havia nascido nos Estados Unidos
Há uma semana, a Casa Branca teve de divulgar a certidão de nascimento de Barack Obama, para responder setores conservadores que acusavam o presidente de não ser americano. Dias depois, Obama é o grande líder do país, que conseguiu, dez anos após os ataques do 11 de Setembro, matar seu inimigo número 1, Osama bin Laden. A explosão de patriotismo devolve orgulho aos americanos e pode ser a chave para a reeleição do presidente, no ano que vem.
Tanto Heni Ozi Cukier, da ESPM (SP), quanto Creomar Lima Carvalho de Souza, do IBMEC (Brasília), ambos professores de relações internacionais, concordam que Obama é o “grande vencedor” da operação que matou Bin Laden, neste domingo (1º), em sua casa nos arredores de Islamabad, no Paquistão.
Para Cukier, além de Obama, o “povo americano também será beneficiado”.
- O 11 de Setembro, a guerra no Iraque e no Afeganistão e a crise econômica derrubaram a autoestima dos americanos. A morte de Bin Laden eleva a autoestima e os americanos voltam a se ver como líderes e vencedores.
Carvalho de Souza diz que Obama “recebeu um abacaxi da mão dos republicanos”.
- Recebeu duas guerras, uma imagem negativa dos EUA, a crise econômica. E próximo do ciclo eleitoral, Bin Laden está morto. Isso faz com que Obama tenha uma carta na manga para as eleições.
Aprovação de Obama dispara
Antes do anúncio da morte de Bin Laden, apenas 17% dos americanos consideravam favoravelmente a atuação de Obama como comandante-em-chefe das Forças Armadas e líder em questões de segurança nacional. Sua popularidade, de modo geral, estava em 41% - ponto mais baixo desde o pico de 62%, em 2009.
Mas, já na tarde de segunda-feira (2), a primeira pesquisa sobre os mesmos quesitos mostravam níveis favoráveis de 76% em termos amplos, com 77% de aprovação no item “segurança nacional”.
Al Qaeda deve reagir
Segundo Cukier, a morte de Bin Laden “não afeta o coração operacional da Al Qaeda. Mas tem um impacto simbólico muito forte”.
- O lado simbólico é importante, porque o terrorismo não visa conquistar um território, mas sim usar o medo para atingir seus objetivos.
Bin Laden era a principal referência da rede terrorista Al Qaeda, que espalhou células por várias partes do mundo.
Carvalho de Souza alerta, no entanto, que a rede terrorista irá reagir.
- Uma parte da militância da Al Qaeda está de luto. De outro lado, a morte também estimula o movimento “agora é hora de dar o troco”. Alguma reação ocorrerá, qual o tamanho e como isso ocorrerá, não se sabe.
Paquistão é o grande problema
Tanto Cukier quanto Carvalho de Souza ressaltam que o Paquistão se torna, agora, o centro das preocupações sobre a segurança internacional.
Apesar de ser um aliado histórico dos EUA, o Paquistão não é um regime confiável para os americanos, tanto que a operação que matou Bin Laden não foi comunicada com antecedência ao governo paquistanês.
Nesta segunda-feira (2), o assessor para segurança interna de Obama, John Brennan, informou que os EUA vão investigar a eventual colaboração paquistanesa a Bin Laden.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
sábado, 16 de abril de 2011
Coluna Direto de Buenos Aires - Tais Julião
As relações Argentina - Estados Unidos contemporâneas
Por: Taís Sandrim Julião*
Nos anos 1990, a Argentina figurava como um dos principais parceiros dos Estados Unidos na América Latina. Isso se devia principalmente à convergência entre o ideário denominado “Consenso de Washington” e as políticas macroeconômicas implantadas por Buenos Aires. A Argentina passou por um processo acelerado de privatizações de empresas estatais estratégicas – como na área de comunicações, transportes e energia -, abertura econômica e a adoção de medidas cambiais radicais. Esse período de alinhamento político-econômico aos Estados Unidos motivou a utilização da expressão “relações carnais” para descrever o estado das relações bilaterais.
No início dos anos 2000, o país enfrentou uma severa crise inflacionária, que viria a alterar não somente as dinâmicas macroeconômicas, mas também o cenário político argentino. Desde a crise econômica e social de 2001, as relações com os Estados Unidos tem sido objeto de reavaliação, iniciando-se processo de paulatino desgaste, ainda em curso.
Em muitos países latinoamericanos, as políticas neoliberais não foram capazes de realizar o projeto a que se propunham. Na Argentina, o modelo não somente fracassou como também provocou uma reflexão política crítica sobre o papel das relações com os Estados Unidos e com os organismos financeiros internacionais – em particular, o Fundo Monetário Internacional (FMI) -, como co-responsáveis pela situação degradante em que se encontrava do país.
Entre 1999 e 2002, o país buscou recuperar suas instituições básicas e garantir a continuidade do processo democrático. Em 2003, foi eleito Néstor Kirchner, que ascendeu ao poder com a bandeira de renovação da política nacional e da defesa dos interesses argentinos. A relação com o FMI tornou-se conflitiva, e foram aprofundados laços com outros eixos, tais como a América do Sul e a América Latina.
A continuidade do kircherismo deu-se pela eleição de Cristina Kirchner em 2007, o que garantiu a continuidade de alguns processos políticos e econômicos iniciados na presidência anterior. No entanto, no que diz respeito às relações com os Estados Unidos, aprofundaram-se os antagonismos.
Em linhas gerais, as relações Buenos Aires-Washington contemporâneas podem ser compreendidas por meio de dois movimentos. O primeiro diz respeito ao processo de associação da presença estadunidense no país com a crise econômica e social dos anos 2000. A recuperação do país – ainda em curso, diga-se de passagem -, não deve pautar-se em um adensamento das relações comerciais e políticas com os Estados Unidos, mas sim em uma política externa plural, capaz de contribuir no fortalecimento da economia nacional, sobretudo a partir dos fluxos de comércio com novos e tradicionais parceiros da região.
Incidentes diplomáticos ocorridos neste ano sinalizam para o clima nada amistoso que impera entre os dois países desde meados de 2000: a apreensão da carga de uma aeronave norte-americana que trazia equipamentos militares para treinamento, e a visita de Obama ao Chile e ao Brasil, abordada pelos jornais com a manchete “Obama sobrevoa a Argentina”. Eventos como esses têm contribuído para o estabelecimento de um sentimento ambíguo com relação ao papel dos Estados Unidos.
Ademais, a decisão de reposicionar os Estados Unidos na agenda de política externa corrobora as percepções de demais países em desenvolvimento sobre o declínio estadunidense como pólo de poder central na economia política internacional. Dessa forma, os fluxos econômicos parecem apontar para o aprofundamento das relações com países parceiros - ou seja, países em desenvolvimento que compartilham uma visão sobre as mudanças na ordem internacional contemporânea -, e das relações no âmbito do Mercosul, em particular com o Brasil.
A propósito, o segundo movimento está relacionado à dinâmica brasileira no contexto regional e na política internacional. A Argentina parece observar o Brasil com olhos atentos. Por um lado, tem aderido ao projeto de construção de uma América do Sul unida e fortalecida política e economicamente. A Argentina tem buscado aproveitar o bom desempenho brasileiro para aprofundar as relações no âmbito do Mercosul comercial.
Por outro, preocupa-se com o ambiente favorável à campanha do Brasil para tornar-se membro permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas – posto também cobiçado pelos argentinos. Em termos políticos, a Argentina deseja ser um parceiro horizontal, reforçando que ambos os países exercem em parceria a liderança no subcontinente e, nesse sentido, são interdependentes em diversas agendas regionais e multilaterais.
Em 2011, ocorrerão eleições presidenciais e a presidente Kirchner ainda não se posicionou sobre uma possível candidatura à reeleição. Todavia, o cenário político aponta para uma continuidade do kirchnerismo. Nesse cenário, Estados Unidos parece ser cada vez menos uma opção na política externa argentina.
*Mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília
terça-feira, 12 de abril de 2011
sexta-feira, 8 de abril de 2011
InfoMoney - Orçamento dos EUA e Wall Street
Fique de olho: disputa política em torno do Orçamento dos EUA abala Wall Street
Por: Tatiane Monteiro Bortolozi
SÃO PAULO - O presidente norte-americano Barack Obama reuniu-se com congresssistas na Casa Branca nesta quinta-feira (7) para tentar evitar a paralisação dos serviços governamentais na próxima sexta, caso o impasse sobre o novo Orçamento do país não seja resolvido. A discussão gira em torno do tamanho da redução das despesas no governo. Enquanto os democratas querem cortar US$ 33 bilhões, os republicanos pleiteiam um corte um pouco maior, de US$ 40 bilhões.
Obama convocou em caráter de emergência o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, e o líder da maioria do Senado, o democrata Harry Reid. Embora republicanos e democratas tenham em princípio concordado com uma redução de US$ 33 bilhões nas despesas para o ano fiscal (que termina em 30 de setembro), Boehner mostrou-se inflexível ao exigir um corte maior. Na última quarta-feira, os líderes já haviam se encontrado, porém nenhum acordo foi atingido e nesta quinta-feira Reid se disse bem menos otimista em relação a um consenso.
A reunião, de fato, acabou sem um novo acordo. Os três políticos voltam a se reunir nesta noite, na Casa Branca, para dar sequência às negociações. A previsão é que a reunião tenha início às 20h00 em Washington (21h00 em Brasília).
Caso não se chegue a um acordo sobre o orçamento do governo norte-americano, que expira na próxima sexta-feira, todos os serviços públicos que não sejam de necessidade primária serão interrompidos. Há 15 anos os EUA não tinham que lidar com este problema.
Como o corte afeta a economia norte-americana?
Entre os efeitos colaterais de um corte acima de US$ 33 bilhões, o governo já se prepara para o atraso na restituição de impostos, a paralização temporária do pagamento de salários ao Exército e o congelamento de alguns incentivos à habitação. Além disso, pedidos de empréstimos para pequenas empresas e empréstimos garantidos pela FHA (Federal Housing Administration) também seriam adiados.
As paralisações chegariam justo no momento em que a recuperação econômica nos Estados Unidos começa a ganhar fôlego. "As companhias não gostam de incertezas, e se elas virem que de repente poderemos ter um 'apagão' em nosso governo, isto poderia enfraquecer o momentum justamente quando precisamos retomá-lo - tudo por conta da política", disse o presidente norte-americano em discurso na última quarta-feira.
Em meio a impasse, Obama ainda pode apelar à população
Desde 5 de janeiro de 2011, Obama enfrenta a menor participação de seu partido na Câmara de Representantes, onde a oposição republicana conta com uma maioria de 242 deputados. No Senado, os democratas perderam seis assentos para os rivais nas últimas eleições legislativas de 2010, mas continuam em maior número. Neste último impasse, a atitude da oposição visa prejudicar a avaliação do atual governo e, assim, atrapalhar a já anunciada candidatura à reeleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
"O governo poderia adotar dois posicionamentos, de negociação ou confrontamento", diz o professor de Relações Internacionais do Ibmec, Creomar Lima Carvalho de Souza. Ele explica que a histórica norte-americana exemplificou uma conciliação com o Congresso no segundo mandato de George W. Bush, ao mesmo tempo em que um embate foi travado no final do primeiro mandato de Bill Clinton.
"As duas estratégias podem ser bem sucedidas. Embora Obama tenha um perfil conciliador, considero que o enfrentamento poderia trazer melhores resultados", diz Souza. "Obama precisa sensibilizar a população de que a oposição deseja impedir a reforma dos seus próprios interesses econômicos, impedindo a recuperação pós-crise", completa o professor.
Em um esforço diplomático, Obama chegou a reclamar que o Orçamento "poderia ter ficado pronto três meses atrás". Na verdade, o projeto poderia ter sido votado até mesmo seis meses antes do início do ano fiscal, em outubro de 2010, quando os democratas tinham maioria entre os legisladores. Contudo, explica Souza, outros assuntos trancaram a pauta da votação, como a agenda política e a reforma da saúde.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
Blog da Christina Lemos site R7 - Artigo autoral.
Obama entre o protagonismo brasileiro e as incertezas americanas
Enviado pelo prof. Creomar Lima Carvalho de Souza*
A visita de Barack Obama ao Brasil foi cercada de uma série de expectativas e simbolismo. O primeiro aspecto a se destacar é o momento vivido pelos Estados Unidos tanto em âmbito interno quanto externo. Internamente, os resquícios da crise econômica recente, fruto da má gestão governamental, em termos de regulação das atividades financeiras e da própria estagnação dos modelos produtivos locais, não parece dar sinais de superação no curto prazo. E, se por um lado a eleição de Obama simbolizou uma retomada da esperança entre os cidadãos americanos, de outro, a aparente dificuldade da administração em implementar as mudanças prometidas durante a campanha aumenta a pressão sobre o presidente por resultados e dá combustível à oposição no questionamento das decisões tomadas.
Essas várias frentes de confrontação interna podem explicar o conservadorismo com o qual os Estados Unidos têm levado sua política externa, estratégia cautelosa para não abrir mais trincheiras no plano político interno. Diante desse quadro, o país busca renovar parcerias tradicionais e buscar novas e estratégicas, prova disso têm sido as manifestações do presidente Obama, que nega o papel de dar solução solitária de crises internacionais. O reforço, portanto, a determinadas instâncias multilaterais não surge da crença nas mesmas. Ao contrário, nasce da percepção de que novas aventuras internacionais aumentam as desconfianças com relação aos EUA e também fazem subir a pressão sobre o orçamento nacional, prejudicando o contribuinte e provocando resultados eleitorais indesejados.
A preocupação maior dos Estados Unidos parece ser, portanto, antes evitar que o sistema internacional aumente as pressões sobre a sua política externa do que, efetivamente, fazer avançar o rearranjo de forças. Isso explicaria a rejeição velada em considerar o Brasil uma liderança no Sistema Internacional. O Brasil reconhece a liderança americana e reclama de forma justa o reconhecimento por parte de Washington do protagonismo brasileiro que vem se consolidando nos últimos anos.
No imaginário dos tomadores de decisão do Brasil, reclames históricos como a necessidade de reformular organismos internacionais – como o Conselho de Segurança das Nações Unidas – são cada vez mais inadiáveis. Porém, por não ser uma potência global consolidada, o Estado Brasileiro, de certa forma, necessita do endosso de outros atores para suas pretensões. O fato de a Casa Branca apoiar ambições semelhantes de outros atores – caso do endosso de Obama a uma vaga para Índia como membro permanente no Conselho de Segurança, pode indicar que o Brasil ainda não é o parceiro estratégico no tabuleiro político que os EUA vêm buscando.
Conclui-se que os EUA ainda possuem bastante dificuldade em lidar com o surgimento de uma liderança continental que possui discurso autonomista. Isto, porém, não quer dizer que não haja um reconhecimento da crescente importância do Brasil em vários âmbitos das relações internacionais, particularmente no plano econômico e estratégico, principalmente do ponto de vista energético. Ciente disso Obama veio ao Brasil, para dar impulso material a uma relação que não pode viver de simbolismo.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Correio Braziliense - O discurso de Obama no Brasil
Discurso de apreço por Brasil no conselho de segurança é vista como avanço
Rosana Hessel
Gabriel Caprioli
A candidatura do Brasil para um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) segue sem o apoio da maior potência global, os Estados Unidos. Em novembro, ao visitar a Índia, o presidente norte-americano, Barack Obama, endossou a reivindicação do país, idêntica à brasileira. No sábado, quando esteve em Brasília, Obama limitou-se a uma declaração oficial de “apreço” à aspiração do Brasil. Ao contrário do que possa parecer, porém, isso não provocou grande frustração, segundo especialistas em relações internacionais. De um lado, os Estados Unidos avançam um passo em direção ao apoio. De outro, a diplomacia brasileira adapta o discurso das expectativas. “O Brasil é a favor da reforma do Conselho em primeiro lugar, depois de sua candidatura”, afirmou o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.
Luiz Felipe Lampreia, que foi ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique Cardoso, analisou o discurso do presidente norte-americano de forma otimista. “Os Estados Unidos nunca havia sido tão incisivos”, disse ontem o ex-diplomata logo após sair do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na avaliação de Lampreia, houve uma guinada nos rumos da diplomacia brasileira com o governo Dilma Rousseff em relação ao antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele acredita em grandes avanços nas relações entre Brasil e Estados Unidos. “Lula tomou decisões polêmicas e acho que os EUA optaram por passar por cima disso ao demonstrar simpatia à candidatura do país ao Conselho”, completou.
Para o sociólogo Demétrio Magnoli, a declaração do presidente norte-americano passou longe de decepcionar. “Obama foi além da expectativa razoável”, disse. Ele destacou que a política externa de Lula só afastaou o Brasil do Conselho de Segurança, sobretudo pela aproximação com ditadores. “O Brasil tem conquistado notoriedade no cenário geopolítico global com o crescimento econômico”, adicionou, o que credencia a reivindicação brasileira. “O Conselho é hoje anacrônico, reflete um mundo de quando ele foi criado, em 1945”, criticou o sociólogo. Segundo ele, a entrada de mais países, como Japão, Alemanha, Índia e Brasil, é mais do que razoável e nós temos chances de alcançar esse objetivo. “No entanto, o Brasil tem de romper vários obstáculos”, afirmou.
Discurso no Itamaraty
No sábado, em almoço no Itamaraty, ao falar para empresários e políticos, Obama disse ser favorável à reforma da instância da ONU, mas não declarou apoio na forma incisiva que esperava parte da diplomacia brasileira. O Conselho tem 15 membros. Apenas cinco são permanentes e com direito a veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Os demais são rotativos e têm mandatos de dois anos.
O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Roberto Abdenur está entre os que esperavam claro apoio norte-americano a vaga no Conselho de Segurança. Mas tampouco se decepcionou. “Uma declaração mais forte teria sido o ideal. Mas, do ponto de vista diplomático, o foi bastante representativo. É um avanço considerável”, afirmou. “O apoio para um trabalho na reformulação do Conselho é um compromisso importante dos EUA”, completou.
Os recados dados pelos presidentes Dilma e Obama vão além do pedido de apoio pela conquista de uma cadeira permanente, segundo o professor de relações internacionais do Ibmec-DF Creomar Souza. “Eles simbolizaram o anseio do Brasil em obter o reconhecimento de seu potencial político e econômico por parte de um dos maiores atores do cenário internacional”, avaliou.
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