terça-feira, 6 de novembro de 2012

Análise das Eleições nos EUA de Lucas de Aragão

Tá difícil 

Lucas  de Aragão   
Publicado originalmente no site www.gpsbrasilia.com.br em 06/11/2012

 O candidato Mitt Romney e sua árdua trajetória na possível vitória à presidência dos EUA Nesta terça-feira, 6 de novembro, Barack Obama e Mitt Romney disputam o cargo político mais importante do mundo, o de presidente dos Estados Unidos da América. Em uma das eleições mais acirradas e polarizadas dos últimos tempos, os dois candidatos chegam à reta final virtualmente empatados, de acordo com as últimas pesquisas no país. No entanto, as pesquisas que apontam empate técnico entre o democrata e o republicano – nas quais muitos se baseiam para fazer projeções – levam em consideração apenas o voto popular direto. Como se sabe, nas eleições americanas o voto popular é importante, mas o que decide mesmo a disputa são os votos dos colégios eleitorais. Trocando em miúdos, o sistema funciona do seguinte modo: cada estado tem um número de votos do colégio, baseado no tamanho de sua população e no número de assentos na Câmara dos Deputados. O vencedor do voto popular no estado leva todos os votos do colégio eleitoral, exceto Maine e Nebraska. São 538 votos do colégio, e o vencedor precisa chegar à maioria absoluta: 270 votos. Hoje, Obama tem aproximadamente 243 votos, sendo 185 de estados que, definitivamente, votarão nele, e 58 que, provavelmente, farão o mesmo. Romney tem 206 votos, sendo 180 votos certos e 26 prováveis. Assim, existem 89 votos em disputa, os chamados swing states, estados que, historicamente, decidem as eleições e que podem pender para qualquer um dos lados. Nesse cenário, o atual presidente precisa de 27 votos do colégio para vencer, contra 64 do candidato republicano. Os sete estados mais indecisos e que provavelmente decidirão o confronto são Flórida (29 votos), Ohio (18), Colorado (9), Virgínia (13), Iowa (6), Wisconsin (10) e New Hampshire (4). Mesmo que Obama perca na Flórida, em Ohio e na Virgínia, os três maiores entre os swing states, e vença nos demais, será reeleito com 272 votos do colégio eleitoral. Um caminho difícil, porém possível, para Romney seria vencer em Ohio, Flórida, Iowa e Nevada, estados onde o desemprego continua alto e que poderiam votar contra o atual presidente. Nevada, apesar de apontar um empate técnico entre os dois candidatos, tem Obama como favorito, devido à forte concentração hispânica e a tradição de votos antecipados, que dão ao democrata uma vantagem. Outro cenário vencedor para o candidato republicano seria uma arrancada na Costa Leste, com vitórias na Flórida, na Virgínia, em Ohio e em New Hampshire. Na Virgínia, estado com 13 votos, Obama aposta nos eleitores com alta escolaridade e renda, segmento que dá bastante apoio ao atual presidente. Um cenário pouco provável, mas possível e extremamente curioso, seria o de empate entre os dois candidatos, cada um com 269 votos eleitorais. Nesse caso, o presidente dos Estados Unidos da América seria escolhido pela Câmara dos Deputados, onde o Partido Republicano tem a maioria. São vários os cenários e as projeções, mas o caminho da vitória é consideravelmente mais curto para Obama do que para Romney. O candidato republicano aposta na conquista dos eleitores indecisos com a sua nova imagem, mais centrista e moderada, diferente do conservadorismo às vezes radical exibido nas primárias. Obama aposta na fidelidade e no comparecimento massivo às urnas de seus principais seguidores. 

 Lucas de Aragão é cientista político, mestrando em Ciência Política na Fordham University (Nova York) e analista político na Arko Advice Pesquisas

Nenhum comentário:

Postar um comentário