terça-feira, 22 de março de 2011

Blog da Christina Lemos site R7 - Artigo autoral.

Obama entre o protagonismo brasileiro e as incertezas americanas

Enviado pelo prof. Creomar Lima Carvalho de Souza*

A visita de Barack Obama ao Brasil foi cercada de uma série de expectativas e simbolismo. O primeiro aspecto a se destacar é o momento vivido pelos Estados Unidos tanto em âmbito interno quanto externo. Internamente, os resquícios da crise econômica recente, fruto da má gestão governamental, em termos de regulação das atividades financeiras e da própria estagnação dos modelos produtivos locais, não parece dar sinais de superação no curto prazo. E, se por um lado a eleição de Obama simbolizou uma retomada da esperança entre os cidadãos americanos, de outro, a aparente dificuldade da administração em implementar as mudanças prometidas durante a campanha aumenta a pressão sobre o presidente por resultados e dá combustível à oposição no questionamento das decisões tomadas.
Essas várias frentes de confrontação interna podem explicar o conservadorismo com o qual os Estados Unidos têm levado sua política externa, estratégia cautelosa para não abrir mais trincheiras no plano político interno. Diante desse quadro, o país busca renovar parcerias tradicionais e buscar novas e estratégicas, prova disso têm sido as manifestações do presidente Obama, que nega o papel de dar solução solitária de crises internacionais. O reforço, portanto, a determinadas instâncias multilaterais não surge da crença nas mesmas. Ao contrário, nasce da percepção de que novas aventuras internacionais aumentam as desconfianças com relação aos EUA e também fazem subir a pressão sobre o orçamento nacional, prejudicando o contribuinte e provocando resultados eleitorais indesejados.
A preocupação maior dos Estados Unidos parece ser, portanto, antes evitar que o sistema internacional aumente as pressões sobre a sua política externa do que, efetivamente, fazer avançar o rearranjo de forças. Isso explicaria a rejeição velada em considerar o Brasil uma liderança no Sistema Internacional. O Brasil reconhece a liderança americana e reclama de forma justa o reconhecimento por parte de Washington do protagonismo brasileiro que vem se consolidando nos últimos anos.
No imaginário dos tomadores de decisão do Brasil, reclames históricos como a necessidade de reformular organismos internacionais – como o Conselho de Segurança das Nações Unidas – são cada vez mais inadiáveis. Porém, por não ser uma potência global consolidada, o Estado Brasileiro, de certa forma, necessita do endosso de outros atores para suas pretensões. O fato de a Casa Branca apoiar ambições semelhantes de outros atores – caso do endosso de Obama a uma vaga para Índia como membro permanente no Conselho de Segurança, pode indicar que o Brasil ainda não é o parceiro estratégico no tabuleiro político que os EUA vêm buscando.
Conclui-se que os EUA ainda possuem bastante dificuldade em lidar com o surgimento de uma liderança continental que possui discurso autonomista. Isto, porém, não quer dizer que não haja um reconhecimento da crescente importância do Brasil em vários âmbitos das relações internacionais, particularmente no plano econômico e estratégico, principalmente do ponto de vista energético. Ciente disso Obama veio ao Brasil, para dar impulso material a uma relação que não pode viver de simbolismo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Entrevista Record News 3ª parte.

U1404421.WMV (objeto video/x-ms-wmv)

Entrevista Record News 2ª parte.

U1404418.WMV (objeto video/x-ms-wmv)

Entrevista Record News 1ª parte.

U1404417.WMV (objeto video/x-ms-wmv)

Correio Braziliense - O discurso de Obama no Brasil

Discurso de apreço por Brasil no conselho de segurança é vista como avanço

Rosana Hessel
Gabriel Caprioli

A candidatura do Brasil para um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) segue sem o apoio da maior potência global, os Estados Unidos. Em novembro, ao visitar a Índia, o presidente norte-americano, Barack Obama, endossou a reivindicação do país, idêntica à brasileira. No sábado, quando esteve em Brasília, Obama limitou-se a uma declaração oficial de “apreço” à aspiração do Brasil. Ao contrário do que possa parecer, porém, isso não provocou grande frustração, segundo especialistas em relações internacionais. De um lado, os Estados Unidos avançam um passo em direção ao apoio. De outro, a diplomacia brasileira adapta o discurso das expectativas. “O Brasil é a favor da reforma do Conselho em primeiro lugar, depois de sua candidatura”, afirmou o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.

Luiz Felipe Lampreia, que foi ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique Cardoso, analisou o discurso do presidente norte-americano de forma otimista. “Os Estados Unidos nunca havia sido tão incisivos”, disse ontem o ex-diplomata logo após sair do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na avaliação de Lampreia, houve uma guinada nos rumos da diplomacia brasileira com o governo Dilma Rousseff em relação ao antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele acredita em grandes avanços nas relações entre Brasil e Estados Unidos. “Lula tomou decisões polêmicas e acho que os EUA optaram por passar por cima disso ao demonstrar simpatia à candidatura do país ao Conselho”, completou.

Para o sociólogo Demétrio Magnoli, a declaração do presidente norte-americano passou longe de decepcionar. “Obama foi além da expectativa razoável”, disse. Ele destacou que a política externa de Lula só afastaou o Brasil do Conselho de Segurança, sobretudo pela aproximação com ditadores. “O Brasil tem conquistado notoriedade no cenário geopolítico global com o crescimento econômico”, adicionou, o que credencia a reivindicação brasileira. “O Conselho é hoje anacrônico, reflete um mundo de quando ele foi criado, em 1945”, criticou o sociólogo. Segundo ele, a entrada de mais países, como Japão, Alemanha, Índia e Brasil, é mais do que razoável e nós temos chances de alcançar esse objetivo. “No entanto, o Brasil tem de romper vários obstáculos”, afirmou.

Discurso no Itamaraty
No sábado, em almoço no Itamaraty, ao falar para empresários e políticos, Obama disse ser favorável à reforma da instância da ONU, mas não declarou apoio na forma incisiva que esperava parte da diplomacia brasileira. O Conselho tem 15 membros. Apenas cinco são permanentes e com direito a veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Os demais são rotativos e têm mandatos de dois anos.

O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Roberto Abdenur está entre os que esperavam claro apoio norte-americano a vaga no Conselho de Segurança. Mas tampouco se decepcionou. “Uma declaração mais forte teria sido o ideal. Mas, do ponto de vista diplomático, o foi bastante representativo. É um avanço considerável”, afirmou. “O apoio para um trabalho na reformulação do Conselho é um compromisso importante dos EUA”, completou.

Os recados dados pelos presidentes Dilma e Obama vão além do pedido de apoio pela conquista de uma cadeira permanente, segundo o professor de relações internacionais do Ibmec-DF Creomar Souza. “Eles simbolizaram o anseio do Brasil em obter o reconhecimento de seu potencial político e econômico por parte de um dos maiores atores do cenário internacional”, avaliou.

domingo, 20 de março de 2011

Foreign Policy - Relações EUA e América Latina

Think Again: Latin America America's backyard is no longer an afterthought -- or Washington's to claim.

BY MAURICIO CÁRDENAS | MARCH 17, 2011


"There's no reason for Obama to be going to Latin America now."
On the contrary. Former U.S. President Richard Nixon once famously told the young Donald Rumsfeld that "people don't give one damn about Latin America now." (To be fair, his view of the region may have been colored by the experience of being pelted with rocks in Caracas while on a vice presidential goodwill tour in May, 1958.) Today, with popular revolutions upending the political order in the Middle East, an unprecedented natural disaster devastating Japan, and his own government hovering on the verge of shutdown, it may seem odd to many that U.S. President Barack Obama is choosing to embark on a five-day tour of a region often considered an afterthought in international politics.

But in fact, Obama's trip south is important for long-term U.S. interests, and long overdue. In today's economic order, where the G-20 is essentially a board of directors with only minority shareholders, the United States needs strong allies. Brazil is the ideal partner: large among the emerging countries, democratic, free of internal tensions, and without enemies. Cultivating that relationship is essential if Washington wants to continue to exercise leadership in the region. The recent turmoil in the Middle East also reminds us again of the fragility of energy security in the United States, and the importance of Latin America as a reliable source of renewable and nonrenewable energy.


A look at Rio as Obama arrives.
Other powers have begun to take notice. China, for one, seems to have a strong strategic interest in a region where the U.S. is losing influence. China is Brazil and Chile's main trading partner, and in 2009 and 2010, the China Development Bank agreed to lend more than $35 billion to borrowers in Argentina, Bolivia, Brazil, Ecuador, and Venezuela (mostly under "loans-for-oil" arrangements). This is three times what the Inter-American Development Bank approves every year for the region as a whole.

U.S. political and business leaders, on the other hand, often seem reluctant to look to Latin America for opportunity, hampered as they are by outdated views of the region as dangerous, economically stagnant, and politically backward. With the U.S. losing market share to other countries eager to invest in and trade with Latin America, it is time to dispel some myths hanging over the region.

"Latin America is an economic failure."
Not anymore. Alan Greenspan devoted a chapter in his memoir to Latin America's proclivity for populist politics, which he defined as a "very special brand of short-term focus, which invariably creates very difficult long-term problems." Greenspan's observations were probably seasoned by the disastrous decade of the 1980s, during which the region suffered from chronic severe debt crises and hyperinflation. Today, Latin America is on a path of remarkable economic stability and growth thanks to macroeconomic policies that have brought low inflation and sustainable public finances.

The global recession was a small bump in the road for most of Latin America. Today, the region is growing at an average of 5 percent per year, inflation is in single digits and fiscal deficits are small. Public debt as a share of GDP is much lower than in the developed world. Chile and Peru are the two countries that stand out in terms of economic performance, but considerable success is also apparent in Brazil, Colombia, Mexico, Panama, and Uruguay. Rating agencies have granted all of them investment-grade status, which means that the risk of a default is extremely low. (Argentina and Venezuela are the two salient exceptions in the region.)

This is not just good luck, but a result of good policies. China's insatiable appetite for the region's natural resources has certainly helped, but the more important factor has been responsible macroeconomic management, a choice widely supported by voters in Latin America. Center-left governments -- like those of former President Luiz Inacio Lula da Silva and his successor Dilma Rouseff in Brazil, former President Michelle Bachelet in Chile, and former President Tabare Vasquez and President Jose Mujica in Uruguay -- have made macroeconomic stability a pillar of their economic strategies.

"Latin America is ideologically divided."
Not as much as you think. Many think that there is an ideological race in the region, reminiscent of Cold War tensions between East and West Germany. The popular perception is that one of the camps is led by Venezuela's president, Hugo Chávez, while the other camp is formed by the right-of-center governments of Colombia, Chile, and Peru.

In reality, most countries -- with the notable exceptions of Bolivia, Cuba, and Nicaragua -- have definitively rejected Chavez's "21st century socialism," which is based on heavy state intervention, forced nationalizations, and fiscal profligacy. The disastrous economic consequences in Venezuela are visible: Inflation hovers at around 30 percent and investment has been falling continuously since 2007. The economy contracted by 1.4 percent in 2010, in sharp contrast with the rapid growth of other countries in the region. Fewer and fewer countries are tempted by the populist rhetoric and the attacks on private enterprise.

A pragmatic Latin American consensus has emerged in contrast to the more ideologically driven Washington consensus. This new thinking combines market-friendly policies with a much more ambitious social agenda. While preserving macroeconomic stability, both left and right governments are aggressively combating poverty with programs like conditional cash transfers, first introduced by former President Ernesto Zedillo in Mexico, which have become a model for countries outside the region. Latin America's economic growth and effective public interventions have created an unprecedented expansion of the middle class. In a forthcoming Brookings publication with Homi Kharas and Camila Henao, we estimate that by 2020 10 percent of Latin America's population will enter the global middle class, bringing nearly 60 million individuals up to the same level of income as lower-middle-class citizens in such European countries as Portugal and Italy.

"Latin America is violent and dangerous."
Yes, but not unstable. Latin American countries have among the world's highest rates of crime, murder, and kidnapping. Pockets of abnormal levels of violence have emerged in countries such as Colombia -- and more recently, in Mexico, Central America, and some large cities such as Caracas. With 140,000 homicides in 2010, it is understandable how Latin America got this reputation. Each of the countries in Central America's "Northern Triangle" (Guatemala, Honduras, and El Salvador) had more murders in 2010 than the entire European Union combined.

Violence in Latin America is strongly related to poverty and inequality. When combined with the insatiable international appetite for the illegal drugs produced in the region, it's a noxious brew. As strongly argued by a number of prominent regional leaders -- including Brazil's former president, Fernando H. Cardoso, and Colombia's former president, Cesar Gaviria -- a strategy based on demand reduction, rather than supply, is the only way to reduce crime in Latin America.

Although some fear the Mexican drug violence could spill over into the southern United States, Latin America poses little to no threat to international peace or stability. The major global security concerns today are the proliferation of nuclear weapons and terrorism. No country in the region is in possession of nuclear weapons -- nor has expressed an interest in having them. Latin American countries, on the whole, do not have much history of engaging in cross-border wars. Despite the recent tensions on the Venezuela-Colombia border, it should be pointed out that Venezuela has never taken part in an international armed conflict.

Ethnic and religious conflicts are very uncommon in Latin America. Although the region has not been immune to radical jihadist attacks -- the 1994 attack on a Jewish Community Center in Buenos Aires, for instance -- they have been rare. Terrorist attacks on the civilian population have been limited to a large extent to the FARC organization in Colombia, a tactic which contributed in large part to the organization's loss of popular support.

"Resurgent Latin America is a Threat to U.S. Interests."
Quite the opposite. Listen to some of the rhetoric in Washington and you would think that Latin America only impacts the U.S. economy by sucking away manufacturing jobs and flooding the country with illegal immigrants. The truth is that U.S. economic interests are more entwined with those of its southern neighbors than ever. This is an overwhelmingly positive development.

For instance, U.S. oil imports from Latin America are larger than those from the Middle East. Saudi Arabia, Iraq, and Kuwait combined make up only 20 percent of U.S. oil imports. Latin American countries -- specifically Venezuela, Mexico, Ecuador, Colombia, and Trinidad and Tobago -- account for one third of U.S imports. For the United States, assuring a stable oil supply from its Latin American neighbors should be no less important than preserving stability in the Middle East.

Also, the Latin American consumer market is by no means irrelevant for U.S. companies. The region's GDP is $4.2 trillion, roughly 84 percent of China's $5 trillion. With only 40 percent of China's population, Latin America's average per capita income is twice that of China's. Therefore, Latin American households are important consumers of U.S. manufactured goods and services. For example, in 2010, 20 percent of Citicorp's overall profits came from Latin America.

While the Middle East is currently forging its own path toward democracy and Asian nations are rapidly competing with the United States for global market share, the United States can partner with its democratic Latin American neighbors to set a strong path toward mutual economic prosperity.

Stronger hemispheric economic integration is the natural first step. But moving forward in this direction requires debunking the most pernicious myth. Many in Washington still believe that the United States is exporting jobs to Latin America. Rather, the opposite is true: The region buys goods and services that generate jobs in the United States. Mexico is the second-largest market for U.S. exports, Brazil the 8th, and Colombia the 20th -- even without the passage of the pending free-trade agreement. Their combined imports from the United States in 2010 exceeded $210 billion, which represent thousands of jobs in America, especially in the manufacturing sector. But today, Latin America has signed free-trade agreements with countries like Canada and South Korea that can supply similar goods. Signing the pending free-trade agreements with Panama and Colombia would be an effective way to preserve U.S. competitiveness in the region.

Economic success, social inclusion, and political assertiveness are the buzzwords of the new Latin America, a region that now exudes confidence and optimism. Long-term U.S. strategic interests will be much better served by a re-engagement with this often-ignored neighbor.

President Obama is exceptionally popular in the region, and can play a transformational role in hemispheric relations. But to do that he will need to begin by challenging Washington itself, slaying the demons and self-serving misconceptions that muddle a clear view of Latin America.

terça-feira, 15 de março de 2011

Miami Herald - Relações Brasil - Estados Unidos

U.S.-BRAZIL RELATIONS

U.S. should support Brazil’s Security Council bid



BY PETER HAKIM

PHAKIM@THEDIALOGUE.ORG

President Obama will be warmly greeted by huge crowds in Brazil when he arrives March 19 for the beginning of a Latin American tour, but only modest progress can be expected on the agenda of foreign-policy problems confronting the two countries. There is only one thing that could dramatically elevate the significance of Obama’s visit — the U.S. president’s unambiguous endorsement of Brazil for a permanent seat on the U.N. Security Council.

Obama’s support of India’s permanent membership highlighted his successful visit to New Delhi last year. That is the yardstick against which Brazilians will measure Obama’s visit to Rio and Brasilia. They want Obama also to appropriately recognize their country’s expanded global status. Nothing would do more to ease the palpable tensions that mark Brazil-U.S. relations. Building on newly installed Brazilian president Dilma Rousseff’s call for closer bilateral ties, it would set the stage for greater cooperation and could well change the dynamic of a currently unsatisfactory relationship.

Washington would simply be acknowledging Brazil’s new global prominence and getting out in front of the inevitable. Eventually, Brazil and other developing nations will secure permanent spots on the Security Council. International organizations are already accommodating the growing importance and assertiveness of developing nations. The Group of 20, whose members include major emerging economies, has displaced the Group of Seven, all highly industrialized countries, as the principal institution for addressing global economic challenges. Europe and United States will soon lose their monopoly-hold on IMF and World Bank leadership. Expanding the U.N. Security Council will take longer, but it will happen, and Brazil is a pretty sure bet to acquire one of the new seats.

Washington has reasons to defer endorsing Brazil’s bid. Brasilia and Washington disagree on many critical international issues. Most troubling is Brazil’s repeated defense of Iran’s nuclear program, despite the accumulating evidence of its military aims. Last year, only Brazil and Turkey, of 15 Security Council members (permanent and temporary), rejected U.S.-proposed sanctions on Iran for continuing its nuclear violations. Brazil’s own nuclear program is another concern. Washington is not upset by the prospect of Brazil producing weapons, but by its tepid support of the world’s already shaky nonproliferation regime. Brazil and the United States also have markedly different views on the Israeli-Palestinian conflict. And Brazil’s cordial relationships with U.S. adversaries such as Cuba, Iran, and Venezuela rankle U.S. officials. Although Rousseff has signaled that Brazilian foreign policy will give heightened attention human-rights and democracy, Washington has viewed Brazilian diplomacy as largely indifferent to these issues.

Still, Brazil’s record on global issues is more compatible with that of the United States than that of India. Brazil is among the world’s most peaceful countries. Unlike India, with its long-standing confrontation with Pakistan, Brazil has been free of external disputes for many years. While India has a small arsenal of atomic weapons and rejects the U.N. non-proliferation treaty (NPT), Brazil has forsworn nuclear weapons in three international treaties.

Within Latin America, some nations object to Brazil taking what they believe should be a rotating regional seat. But most Latin Americans have now accepted the reality that Brazil has emerged as the region’s most powerful and influential country and has a strong claim to permanent Council membership. Washington should be most concerned about the reaction of Mexico, the Latin America country of greatest importance to the United States, and the only one that can legitimately consider itself a rival to Brazil for a Council seat. But Mexico, too, has little choice but to recognize the reality of Brazil’s rise.

Brazil is today a vigorous democracy with an increasingly robust economy. It is a reliable country that meets its international obligations, and has, in recent years, steadily expanded its international presence and reach — through multiple peacekeeping missions, a growing foreign assistance program, attention to global climate and energy issues, and leadership in world trade negotiations. Brazil has earned a permanent seat on the Council just as surely as India, and it will have it sooner or later. The question is whether the United States will take the initiative and support Brazil or simply wait on the sidelines. The choice will profoundly affect the quality of U.S.-Brazilian relations.

Peter Hakim is president emeritus of the Inter-American Dialogue in Washington, D.C.





Read more: http://www.miamiherald.com/2011/03/13/2111001/us-should-support-brazils-security.html#ixzz1GZprqfXF

sábado, 12 de março de 2011

CORREIO BRAZILIENSE - DF: Crise Ameaça o Bolso do Brasileiro

Crise ameaça o bolso do brasileiro
Rosana Hessel, Sílvio Ribas

Petrobras segura o preço da gasolina e do diesel, mas já repassa a alta do petróleo para o querosene de aviação e a nafta
Rosana Hessel
Sílvio Ribas
O mundo está assustado com a possibilidade da volta da retração econômica, caso a queda da produção de óleo na Líbia se torne uma realidade nos países com as maiores jazidas, como a Arábia Saudita
A disparada nas cotações internacionais do petróleo começa a pesar no orçamento dos brasileiros. Apesar de não mexer nos preços da gasolina e do diesel, que dependem de autorização do Palácio do Planalto para serem reajustados, a Petrobras já vem repassando o aumento do barril para uma série de derivados, principalmente o querosene de aviação e a nafta petroquímica, insumo básico para a produção de diversos produtos, sobretudo as embalagens plásticas. O querosene e a nafta são revistos, respectivamente, a cada 15 e 30 dias. A situação só agrava o processo inflacionário no país, obrigando o Banco Central a acelerar a alta nos juros básicos da economia (Selic).
Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que, desde a segunda metade de janeiro, quando estourou a crise no Egito, que se estendeu pela Líbia e vários países do mundo árabe, os preços do querosene de aviação acumulam alta de 7,16%, mais da metade da elevação acumulada em 12 meses: 11,99%. Segundo André Braz, economista da FGV, a tendência é de que o repasse se intensifique nos próximos meses, caso as turbulências engolfem de vez os maiores produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, com reservas de 266,7 bilhões da barris. O resultado disso: passagens aéreas mais caras. No caso da nafta, conforme o mercado, o aumento médio ficou em 5% no mesmo período.
Segundo o vice-presidente para a América Latina da Delta Airlines, Nicolas Ferri, a apreensão é grande entre as companhias aéreas, pois o querosene de aviação representa um custo importante para o setor. “Estamos avaliando todos os cenários. O agravamento da crise será muito ruim”, afirmou. Na área petroquímica, há quem fale em reajuste de até 20% nos preços dos produtos a base de nafta. A grande pergunta é se a indústria e o comércio terão condições de repassar tal aumento aos consumidores finais. O problema, reclamam os empresários, é que o encarecimento dos derivados do petróleo veio a se somar a um encarecimento em série das commodities metálicas e agrícolas.
O Brasil é importador regular de querosene de aviação, produto cuja demanda vem crescendo rápido. Em 2010, as importações chegaram a 33 mil barris diários do produto. Quanto à nafta, as importações estão ao ritmo de 39 mil barris por dia. O país também poderá sentir altas nos preços de outros produtos que saem das refinarias, como o óleo combustível usado nas fábricas e pelos navios (bunker).
Ontem, depois de alcançar a máxima de US$ 119,79 em Londres, o barril tipo Brent encerrou o dia em US$ 111,36, com alta de 0,1%. Nos Estados Unidos, o dia foi de muita pressão, diante das tentativas do mercado de descobrir se outros países podem compensar a queda da produção líbia. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril de West Texas Intermediate (WTI) para entrega em abril fechou a US$ 97,28, em baixa de 0,9%. Segundo Tom Bentz, do Banco BNP Paribas, o recuo se deu depois que a Arábia Saudita garantiu que suprirá a redução da produção da Líbia. Em julho de 2008, o valor do barril do Brent chegou a US$ 147, mas, no fim daquele ano, após a quebradeira de bancos e de várias economias, inclusive europeias, recuou para US$ 37.
Especulação
Vários operadores alertaram para os movimentos especulativos no mercado com o óleo. “Há muita distorção tanto no preço do petróleo quanto nos das commodities agrícolas. Tem muito investidor comprando contratos de petróleo só para aumentar a demanda e obter lucros no curto prazo”, alertou o economista da Prosper Corretora, Demetrius Borel Lucindo. Ele ressaltou ainda que, ao manter o preço da gasolina 4% abaixo do praticado no mercado externo, a Petrobras já acumula perdas superiores a R$ 200 milhões.
Para José Luís Oreiro, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), mantida a escalada do preços do petróleo, o risco de uma nova recessão global é grande. É que a inflação tenderá a subir, obrigando os bancos centrais a elevarem os juros, abortando a ainda frágil recuperação econômica dos Estados Unidos e da Europa. “O risco de uma nova recessão é considerável ainda neste começo de ano por, pelo menos, dois trimestres seguidos”, disse.
Na avaliação do diretor de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Thomaz Zanotto, é cedo para fazer estimativas. Mas os empresários estão atentos para a crise política, sobretudo na Líbia, grande fornecedora de petróleo para a Europa. “Se ela continuar, o risco de uma recessão acompanhada de inflação (estagflação) no mundo é muito grande, e isso seria o pior cenário possível”, destacou. (Colaborou Gustavo Henrique Braga)
Em Nova York, tensão em torno da cotação do barril afeta investidores
Pressão sobre BCs mundiais
Começam a ser divulgadas as primeiras estimativas de impacto da alta dos preços internacionais de petróleo na inflação, jogando a pressão dos reajustes nas taxas básicas de juros pelos bancos centrais. Segundo a consultoria Fathom, se o preço do barril tipo Brent estacionar em US$ 120, a taxa britânica de inflação ganharia 0,48 ponto percentual. Nos Estados Unidos e na Europa, o acréscimo seria respectivamente de 0,51 e 1,63 pontos. Mas, caso o patamar seja de US$ 150, o impacto iria ao dobro. Analistas internacionais veem um sério dilema para os governos dos países desenvolvidos: de um lado, a tentativa de evitar a disparada dos preços domésticos; do outro, a busca da retomada do crescimento.
Medo de uma nova recessão
Os mercados internacionais continuaram repercutindo ontem o medo de que os tumultos nos países árabes interrompam a incipiente retomada da economia global. As altas recordes nas cotações do petróleo ampliaram as incertezas, especialmente sobre Europa e Estados Unidos, altamente fragilizados por problemas fiscais e ameaças inflacionárias.
As principais bolsas do mundo registram o quarto dia de perdas. No Brasil, as ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobras recuaram 1,82% e as preferenciais, 1,18%. A pressão foi reduzida no fim do pregão, deixando para trás os picos recordes desde agosto de 2008. Outras nações produtoras foram indicadas para compensar perdas de produção registradas na Líbia. Os investidores esperam resposta da Arábia Saudita, principal produtora na Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). Os sauditas já conversam com refinadores europeus.
Para tentar administrar expectativas negativas, a Agência Internacional de Energia (AIE) afirmou que, até agora, apenas 750 mil barris diários – menos de 1% do consumo global – foram tirados do mercado em razão da crise. Um dia antes, porém, o próprio organismo afirmou que as altas do petróleo ameaçavam a recuperação de economias desenvolvidas e emergentes. A AIE tem 1,6 bilhão de barris de reservas petrolíferas de emergência à disposição para momentos de crise.
Cenário
A Casa Branca também reforçou a ponderação, anunciando ter capacidade para agir em caso de uma grande interrupção no abastecimento de petróleo provocada pelos confrontos no Oriente Médio. Os estoques de petróleo nos EUA subiram 822 mil barris semana passada, para 346,74 milhões de unidades.
Aliada à queda na oferta do produto, devido a uma perpetuação da suspensão da produção da Líbia, a alta nos preços poderá desencadear nova crise, analisou o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Helder Queiroz. Já para o analista político do Ibmec-DF Creomar Lima Carvalho de Souza uma crise econômica será provável se o petróleo continuar a subir. “A Líbia responde por 15% da demanda de petróleo da Europa. Se a energia ficar cara, a economia vai reagir mal”, avaliou. (RH e SR)
Kadafi faz ameaça
Importantes terminais petrolíferos da Líbia localizados a leste de Trípoli estão sob o controle de rebeldes contrários ao presidente Muamar Kadafi, disseram moradores de Benghazi que conseguiram fazer contato com pessoas na região. O ditador líbio disse que essa ocupação reduzirá a oferta de petróleo no mundo. Por ora, os volumes exportados pelo país permanecem próximos da normalidade.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Entrevista Almanaque Band News - Visita de Obama ao Brasil

U303962.wma (objeto audio/x-ms-wma)

Visita de Obama ao Brasil - Agência Leia

PERSPECTIVA MUNDO:Visita de Obama ao Brasil terá poucos resultados práticos

Por Ivan Ryngelblum / Agência Leia

São Paulo, 11 de março de 2011 - A visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil nos dias 19 e 20 de março representa o reconhecimento, por parte do governo americano, da importância política e econômica que o país alcançou ao longo dos últimos anos, principalmente durante o mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva. Mas, em termos práticos - políticos e econômicos - a visita de Obama trará poucas mudanças e decisões a respeito de temas delicados na relação bilateral dos países.

Segundo especialistas ouvidos pela Agência Leia, a vinda de Obama não ajudará a resolver questões pendentes entre os dois países, como a sobretaxa que o biodiesel, o suco de laranja e o algodão brasileiro pagam ao entrarem no mercado americano, além do apoio norte-americano para tornar o país um membro fixo, com direito a veto, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

"A vinda do Obama reflete a importante posição que o Brasil tomou no cenário internacional. O país se tornou protagonista e é cada vez mais ouvido pelos atores internacionais. Os Estados Unidos não podem ignorar isto", afirma o professor de relações internacionais da faculdade Ibmec de Brasília, Creomar Lima de Souza. "Os Estados Unidos veem o Brasil como uma poderosa nação emergente, com um sistema político forte e estável, e como uma potência econômica que vem crescendo", disse o professor de História da Universidade Vanderbilt, dos Estados Unidos e diretor executivo da Associação de Estudos Brasileiros, Marshall Eakin.

A expectativa é que a comitiva americana - que deve passar somente por Brasília e Rio de Janeiro - assine alguns acordos comerciais e de cooperação. "Serão tratados temas tradicionais das relações internacionais. Deve ser assinado um acordo de intenções relativo ao comércio bilateral. Ou seja, não formaliza nada, a não ser que existirão futuras reuniões para tratar do tema", projeta a professora de relações internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Cristina
Pecequilo.

"Questões delicadas como a do algodão e a sobretaxa em relação ao etanol até podem ser levadas para as reuniões. Mas não necessariamente elas serão solucionadas, pois não depende apenas de Obama. O Congresso norte-americano possui bastante força nesses assuntos", afirma o professor Creomar Lima de Souza. Em relação ao etanol brasileiro, é ainda mais
improvável que haja uma resolução, uma vez que a base eleitoral de Obama encontra-se no estado de Illinois, grande produtor de etanol à base de milho. "O lobby do setor agrário é muito poderoso nos Estados Unidos, por isso é improvável que o presidente Obama esteja disposto a retirar os subsídios dos fazendeiros de milho em um futuro próximo, dada a sua difícil situação política no Congresso", completa o professor Eakin.

"Apesar das eleições presidenciais serem apenas em 2013, a corrida já começou. Então, qualquer acordo de abertura, que poderia impactar a economia americana será evitado", afirma a professora Cristina Pecequilo. "O Brasil não deve criar expectativas quanto a uma liberalização. O discurso que ele fizer sobre a abertura do mercado americano para produtos brasileiros não vai se concretizar. Ele quer abrir o mercado brasileiro para produtos americanos", completa.

Conselho de Segurança

Além dos pontos econômicos, deverá surgir nas reuniões entre os integrantes do governo da presidente Dilma Rousseff e de Obama a questão da reforma do Conselho de Segurança da ONU, que propõe a inclusão de novos membros permanentes, entre eles o Brasil. Atualmente, apenas cinco países, junto com os Estados Unidos, são membros fixos e possuem direito a veto: França, Reino Unido, Rússia e China. O Brasil é membro rotativo e atualmente ocupa sua presidência.

O tema é uma das prioridades da diplomacia brasileira, mas os americanos não deverão apoiar as pretensões do Brasil. "Embora Obama possa ser simpático às pretensões do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança, este é um tema difícil. Mudar a composição dos membros fixos cria um campo minado político, como o que fazer a respeito das aspirações de outros potenciais emergentes", explica Eakin.

"A diplomacia americana não possui uma posição fechada a respeito do assunto. Existem reticências em apoiar a entrada do Brasil. Se o Brasil entrar no Conselho, ele ganhará muito poder em uma região onde os americanos possuem bastante influencia. Os Estados Unidos toleram a entrada de India e Japão no Conselho apenas como política para conter a influencia de China e Rússia na Ásia", explica a professora Cristina. O governo Obama já manifestou apoio à entrada da India no Conselho, mas não do Brasil.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Dilma e o Congresso Nacional

Os primeiros meses do governo de Dilma Roussef tem mostrado algumas diferenças de estilo e substância em relação seu antecessor e mentor político o ex-presidente Lula. Tais diferenças revelam duas necessidades fundamentais à nova presidência: a primeira é de construção de um estilo próprio de governo e a segunda vinculada a esta necessidade de demonstrar aos eventuais aliados que o planalto possui uma liderança firme. Na análise deste segundo aspecto avalia-se aqui os marcadores da relação inicial entre a nova presidenta (conforme preferência da mesma) e o Congresso Nacional.
A história da recente democracia brasileira mostra que a relação entre o executivo e o legislativo é normalmente atribulada. Tais dificuldades oscilam entre dois pólos o de submissão das casas ao poder presidencial, intercalada por momentos de rebeldia vinculados a necessidades eleitorais latentes. Um caso clássico para a primeira situação foi a votação da emenda da reeleição durante o primeiro mandato de FHC. Enquanto que para o segundo caso, pode-se citar a não prorrogação da CPMF no segundo governo Lula. De maneira fundamental as relações entre os poderes acima listados tem como componentes fundamentais o simbolismo quase imperial que reveste a presidência da república de um lado. E a desconfiança de uma população desacostumada a entender o valor do congresso - devido ao forte ranço autoritário que recobre a sociedade brasileria - de outro.
Nestes termos, são vários os momentos nos quais o presidente e sua equipe responsabilizam o congresso por determinadas agendas não serem efetivamente levadas adiante. Tal processo de culpabilização acaba encontrando ressonância popular, pois, a pluralidade que compõe o legislativo dá espaço para propagação de condutas pouco republicanas por parte de determinados parlamentares. Sabe-se que as condutas desviantes encontram-se em todos os poderes, porém, o legislativo é vitimado de maneira mais direta por tais processos. Em uma relação ciclica na qual a falta de confiança popular e a indiferença de muitos parlamentares em ações de prestação de contas se fazem aparentes e resultam em descontrole sobre a atividade congressual.
O efeito mais claro desta situação é que o legislativo acaba tendo sua função reduzida a um mero mendicante. Que pleiteia ao executivo o cumprimento de determinados compromissos em troca de uma agenda vendida como de interesse nacional por parte do poder executivo.
A apresentação deste quadro é importante para entender os desafios que se colocam à nova presidência e à nova composição do parlamento. De maneira inequívoca pode-se afirmar que os primeiros cem dias de governo dão uma vantagem ao executivo ante o congresso. Neste período as expectativas eleitorais que levaram à vitória de determinado candidato jogam sobre o poder legislativo a necessidade de não atrapalhar o novo governo. A partir desta premissa, muito mais cultural que institucional, caberá ao presidente no decorrer de seu mandato pontuar os marcadores que ele considera importantes em sua relação com o legislativo.
E aqui especificamente, ao tratarmos da presidência Roussef que ainda está investida de sua áurea eleitoral recente, pode-se destacar algumas questões importantes: a - a Presidenta tem dado demonstrações de que não flexibilizará sua percepção de base aliada e b - atitudes desviantes por parte de legisladores aliados serão observadas como falta de compromisso para com o projeto de país ora encapado. Na justificativa de tais considerações pode-se observar a votação do salário mínimo no congresso. Na qual a maioria governista funcionou de maneira bastante eficiente, resguardando-se o caso do PDT cuja liderança liberou seus parlamentares a votarem de acordo com sua livre escolha.
Se a vitória do governo deu a administração Roussef a possibilidade de desfazer seu primeiro nó legislativo. A atitude dos trabalhistas não foi esquecida pelo Planalto, na reunião entre a Presidenta e a base aliada que se seguiu a votação o PDT não foi convidado em sinal claro para este partido e para os outros que compõe a base de sustentação do governo de que sublevações não serão toleradas. Tal ação demonstra uma diferença clara de estilo e substância que Dilma tenta imprimir neste início de governo. Se seu antecessor demonstrava certa impaciência e em alguns momentos até mesmo indiferença para com o legislativo.
Roussef, ao contrário, demonstra que entende o jogo institucional em suas mais intrincadas questões. Caso o governo consiga manter esse nível de energia é provável considerar que as cobranças por fidelidade no congresso será firme sobre os partidos aliados. Tal cobrança se baseará, sobretudo, no fato de que tais grupos políticos são os maiores beneficiados com a divisão de poder e responsabilidades derivadas das negociações de sustentabilidade ao governo. Lembre-se aqui também, que tal situação é condição normal em democracias pluripartidárias, tendo em vista, a impossibilidade de um único partido ter maioria absoluta no Congresso Nacional.

quinta-feira, 3 de março de 2011

CORREIO BRAZILIENSE - DF: Dependência do petróleo põe mundo em alerta

A crise que tomou conta do mundo árabe e já apeou do poder ditadores e criminosos faz o mundo abrir os olhos para um problema que insiste em se manter no limbo: a grande dependência por petróleo, altamente poluente e cujas reservas estão concentradas no Norte da África e no Oriente Médio e são manipuladas pelo cartel representado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Em 1973, a economia global foi abalada pela guerra do Yom Kippur. Em 1979, o baque veio da Revolução Iraniana. Agora, bastou o corte na produção da Líbia, que responde por apenas 2% da oferta mundial, para que os preços do barril disparassem 14% em apenas uma semana, a maior alta para o período em dois anos. Resultado: os países ricos, sobretudo os da Europa e os Estados Unidos, que ainda mostram sinais frágeis de recuperação, voltaram a flertar com a recessão.

Apesar desse quadro tão sombrio, poucas foram as vozes que chamaram a atenção para a necessidade de se livrar da Opep e de se mudar, mais rapidamente, a matriz energética do planeta, optando-se por fontes limpas e renováveis. Dados da agência americana Energy Information Administration mostram que 56% da energia consumida no globo têm origem no petróleo (35%) e no carvão (21%). Menos poluente, o gás natural garante 21% do consumo. Já as fontes renováveis não passam de 8%. Para inverter esse quadro, pelas projeções da Agência Internacional de Energia (AIE), o mundo terá que investir aproximadamente US$ 10,5 trilhões até 2030.

Ou seja, não há mais como optar pelo silêncio. "É importante que esses temas, o da redução da dependência do petróleo e o da sua substituição por energia limpa e renovável, sejam retomados pelos governos e não mais abandonados", diz Creomar Lima Carvalho de Souza, professor de Relações Internacionais do Ibmec do Distrito Federal. Ele lembra que o mundo perdeu uma grande oportunidade para mudar a história, ao não avançar nas negociações para a redução das emissões de CO2 realizadas em Copenhague, no fim de 2009.

Naquele momento, em meio à recessão global, com o consumo e o preço do petróleo em baixa (depois de chegar a US$ 145 o barril, em junho de 2008), os países mais industrializados e, consequentemente, os maiores poluidores do planeta, estavam mais preocupados em sair da crise financeira na qual se meteram depois do estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos, do que investir pesado na busca de alternativas para os combustíveis de origem fóssil. "Os governantes têm esse comportamento previsível. Só pensam em alternativas em momentos de crise. No ambiente de bonança, optam pelo mais fácil e ficam mais suscetíveis a interesses (os da indústria petrolífera são enormes)", afirma Souza.

Mas não é só. Com grande necessidade de crescimento econômico, para reduzir a miséria histórica, os países emergentes, em especial a China e a Índia, não têm como, a curto prazo, abrir mão do carvão e do petróleo como fontes de abastecimento energético.

Na contramão
No Brasil, a necessidade de diversificação das fontes energéticas não é diferente, a despeito de a matriz nacional ser mais limpa do que a das nações desenvolvidas. Mas, na avaliação do pesquisador da área ambiental Albino Rodrigues Alvarez, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o país já está no limite da capacidade de exploração do potencial de energia hidrelétrica.

"Construir usinas como Belo Monte será cada vez mais inviável econômica e ambientalmente", afirma. Ele destaca que a participação dessas usinas na oferta de energia no Brasil tende a cair nos próximos anos. Os projetos em andamento, que devem entrar em operação até 2017, adicionarão mais 37,6 mil megawatts ao parque atual de 109 mil MW, no qual a participação das hidrelétricas é de 64,4%.

O temor dos especialistas é de que o Brasil caminhe na direção contrária, ao valorizar demais o uso do petróleo depois da descoberta das gigantescas reservas de óleo na camada do pré-sal. "O país precisa tomar cuidado para não sujar a sua matriz energética com o pré-sal", alerta Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a previsão é de investimentos de R$ 1,1 trilhão na produção e distribuição de energia entre 2011 e 2014. Petróleo e gás natural absorverão mais de 80% dos recursos: R$ 875,1 bilhões. Já para fontes alternativas de energia, como a eólica e a de biomassa, estão previstos desembolsos de apenas R$ 9,7 bilhões.

Atentado destrói refinaria no Iraque

A produção da maior refinaria de petróleo do Iraque foi interrompida ontem, depois de um atentado que causou importantes danos em uma de suas unidades, afirmou o vice-diretor do complexo petroleiro Baiji, Abdel Kader Sab. "Vários desconhecidos entraram no estabelecimento às 4h40 locais (22h30 de Brasília, na sexta-feira), mataram dois engenheiros e explodiram uma bomba na unidade norte, que fornece 25% da produção", afirmou. A refinaria de Baiji, situada a 200 km ao norte de Bagdá, produz 150 mil barris por dia, segundo o Ministério do Petróleo.