domingo, 29 de janeiro de 2012

Estadão - Artigo de Gaudêncio Torquato

Alianças cruzadas

29 de janeiro de 2012

GAUDÊNCIO TORQUATO - O Estado de S.Paulo

Eleição no Brasil deixou de ser aula de civismo para se transformar em luta encarniçada pelo poder. E a razão ultrapassa a observação de que a política substituiu o escopo aristotélico de missão a serviço do polis pela meta de servir de escada de ascensão pessoal. O fato é que o acervo da política se esgarçou na névoa do tempo.

Ademais, a economia é que dá hoje o rumo das coisas, trazendo a política para sua esfera e, por conseguinte, motivando os representantes do povo a usá-la como investimento. O bem-estar coletivo continua a enfeitar um discurso matizado por meia dúzia de conceitos, entre eles, a inserção das massas à mesa do consumo, o resgate de direitos individuais, a justa distribuição de renda e a maior aproximação entre as classes sociais, situações que incorporam padrões de vida consentâneos com a dignidade humana. Esse é o tônus ideológico da atualidade.

Por mais que a pletora de partidos brasileiros - quase 30 - se esforce para expressar especificidades, o sumo que se extrai do liquidificador partidário aponta para esse composto, mescla dos ideários da social-democracia e do liberalismo social. Siglas que defendem o socialismo nos moldes que antecederam a queda do Muro de Berlim o fazem mais por retórica que por convicção. Por aqui há forte dose de consenso sobre o que se pode chamar de sistema liberal-capitalista sob controle do Estado. Os admiradores do "capitalismo à moda chinesa", com intervenção rigorosa do Estado, não chegam a ameaçar.

Essa é a essência do nosso discurso político. Que não frequentará o palco eleitoral porque o eleitor não se motiva com abstrações. Portanto, veremos uma pregação mais adjetiva e menos substantiva, uma expressão menos ideológica e mais centrada em perfis. Os atores, claro, deverão fazer pontuações em certas áreas, ressaltando aspectos de programas, tentando colar o seu ideário às diretrizes que marcam o estágio de desenvolvimento do País. Mas é pouco provável vermos a federalização dos pleitos, a tentativa de puxar a força da administração federal para o palanque local. No tabuleiro municipal são mais adequadas as peças da micropolítica, coisas que dizem respeito ao cotidiano: transporte, educação, saúde, saneamento, moradia...

Nas capitais e nas grandes e médias cidades se pode até prever a abordagem mais generalista, amplificada pela tuba de ressonância de mídia mais poderosa. Se o País andar tranquilo até as margens eleitorais, ou seja, preservando o animus animandi dos contingentes periféricos, a partir de dinheiro no bolso, acesso ao consumo, colchões sociais, inflação controlada, etc., os candidatos patrocinados pelo rolo compressor governista poderão ser beneficiados. Massas carentes prezam o status quo e demonstram gratidão escolhendo candidatos com elas identificados. Há, porém, o outro lado: em Estados como São Paulo e Minas Gerais, que têm os dois maiores contingentes eleitorais do País e são governados por tucanos, os largos estratos médios tendem a ser mais críticos em relação ao governo federal. Com administrações bem avaliadas, esses governos estaduais poderão contrapor-se à onda situacionista que puxará as candidaturas da aliança federal.

Dito isto, convém arrematar: o pleito de outubro juntará grupos contrários e aproximará clássicos contendores. No palanque do blá-blá-blá assemelhado subirão candidatos de alianças exóticas jamais vistas por estas plagas. Traduzindo: o partido A apoia o governo federal, é contrário ao governo estadual, mas se unirá na eleição municipal ao partido B, que é contrário à administração federal; este partido B, em outros municípios, poderá trocar de samba do crioulo doido, fazendo parcerias com candidatos de outras siglas, algumas contra, outras a favor dos governos federal e estadual; já o partido C terá apetite para comer metade dessa salada mista, fechando com o A de um jeito, com o B de outro e até reciclando a mistura com o D, ao qual caberá inverter os papéis de acordo com suas conveniências. Em suma, o País verá uma campanha de conveniências. Os entes partidários farão extraordinário esforço para turbinar suas máquinas, preparando-as para a decolagem de 2014, que será emblemática: concessão de um ciclo de 16 anos de mando petista, retomada do poder pelos tucanos ou ascensão de um terceiro ator ao pódio

Vejamos as primeiras cenas. O PT abre um leque de articulações sob a batuta do maestro Lula, que se desdobra para atrair o maior número de aliados para a campanha de seu pupilo Fernando Haddad, em São Paulo. A retomada da capital paulista parece ser questão de honra (e esforço extraordinário) para o ex-presidente. A estratégia petista é ceder a cabeça de chapa aos candidatos favoritos de partidos parceiros, mantendo, contudo, a meta de fazer o mais gordo plantel de prefeitos (projeta 1.500) e alcançar a posição de maior ilha no arquipélago político.

Essa operação, todavia, não depende apenas de sua vontade. O PMDB, o aliado principal, não abdica da condição de maior partido brasileiro, o que lhe permitiria ser o fiador do situacionismo. Mas não descarta a hipótese de candidatura própria em 2014. Um olho no norte, outro no sul. O PSB, por sua vez, sonha alto e abre três alternativas: candidatura própria em 2014, continuação da aliança com o PT (reivindicando pedaço maior do bolo) e união com o PSDB de Aécio Neves. O governador Eduardo Campos (PE), que preside a sigla, já confessou o sonho de reunir o grupo pós-64 no comando do País. Ele e Aécio, juntos, liderariam essa estratégia. Já o PSDB alimenta o sonho de retomar o cetro, mas faltam-lhe discurso e bases populares. E o PSD de Gilberto Kassab, ao formar uma bancada expressiva na Câmara dos Deputados, deverá ser um núcleo de aglutinação de contrariados em outros grupamentos.

Uma coisa parece certa: os atores sairão do ensaio de outubro sem muitos aplausos das plateias. A política a cada dia perde vigor. GAUDÊNCIO TORQUATO, JORNALISTA, PROFESSOR TITULAR DA USP, É CONSULTOR POLÍTICO DE COMUNICAÇÃO TWITTER: @GAUDTORQUATO

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Programa de las Americas

El Plan de Defensa de Obama, Mapa Estratégico para Conservar la Hegemonía Global

by William D. Hartung



La estrategia revisada de defensa de la administración Obama, presentada en el Pentágono el pasado 16 de enero, ya es objeto de ataques. Mitt Romney, el precandidato presidencial republicano que lleva la delantera, ha argumentado que el Plan es ingenuo y riesgoso. Expertos independientes como Russel Rumbaugh, del Stimson Center con sede en Washington, D.C., han criticado el Plan por su extrema timidez en lo que concierne a la reducción de gastos del Pentágono. No se ha prestado atención adecuada al hecho de que las modestas reducciones que el Plan de Obama contiene seguirían permitiendo al aparato bélico de Estados Unidos un alcance global sin paralelo en un momento en que las amenazas militares tradicionales se contraen rápidamente.

El Plan de Obama contiene elementos potencialmente positivos; empero su importancia disminuye ante el llamado a nuevos compromisos con los que Estados Unidos permanecería en perpetuo pie de guerra. Entre estos elementos positivos se encuentra la promesa de evitar guerras a gran escala como en Irak y Afganistán, recurrir preferentemente a la diplomacia y asistencia para el desarrollo, y convertir la salud de la economía estadounidense en la prioridad de seguridad nacional número uno de la administración. De ejecutarlas fielmente, estas modificaciones justificarían reducciones de gastos bélicos muy superiores a las propuestas por la administración Obama hasta la fecha, y sentarían las circunstancias para una política exterior menos intervencionista.

Por desgracia, los puntos alentadores del enfoque de Obama se enfrentan al contrapeso de una expansión de compromisos militares de Estados Unidos más apropiados para una política de hegemonía global que para una genuina política de defensa.

Por ejemplo, las reducciones de tropas de E.U. planeadas en Europa coincide con un mayor compromiso militar en Asia que incluye una nueva base de marines en Australia, una presencia naval de gran escala en los Océanos Pacífico e Índico, y nuevas ventas de armamento a Taiwan, Corea del Sur, Japón y otros aliados de Estados Unidos en la región, todos ellos esfuerzos dirigidos a contener el poderío bélico de China.

Tal vez el desarrollo más ominoso desde la perspectiva de China sea el que implica rodear a esta nación con un sistema defensivo de misiles que en teoría, anularía la capacidad china para responder a un ataque nuclear estadounidense. Este sistema, sea que funcione o no, elevará los niveles de ansiedad en China, cuyo arsenal nuclear de unos cientos de misiles de largo alcance queda empequeñecido por las miles de ojivas nucleares estratégicas que Estados Unidos posee.

En Medio Oriente, las reducciones de fuerzas de combate en Irak aún dejarán una fuerza residual de alrededor de 16,000 individuos, entre personal militar uniformado, elementos de la CIA y contratistas bélicos privados. Estados Unidos estará también fortaleciendo su red de bases militares en la región, y, no menos importante, Washington está cerrando cifras récord de ventas de armamento a países del Medio Oriente y el Golfo Pérsico, entre ellas un trato sin precedente de $60 mil millones de dólares por aeronaves y helicópteros de combate de alta tecnología, armas y bombas a Arabia Saudita. Cada venta de armamento irá acompañada de las tropas y contratistas privados que auxiliarán a la nación receptora en la operación y mantenimiento de su armamento estadounidense.

Contra cualquier implicación de que la nueva estrategia condujera al descuido de los compromisos bélicos de E.U. en África e Iberoamérica, existe la posibilidad de que la actividad militar estadounidense en ambas regiones alcance niveles todavía más intensos que los actuales. En la presentación de la nueva estrategia de defensa de Obama, el Secretario de la Defensa Leon Panetta se refirió al uso de “medios innovadores” para mantener esta presencia militar. Los métodos mencionados incluyen una rotación más intensiva de las tropas de E.U. sobre la totalidad de esos territorios, más ejercicios con los ejércitos locales y el aumento de las transferencias de armas y la capacitación militar.

África ofrece un claro ejemplo del nuevo enfoque militar en acción. En los últimos dos años Estados Unidos ha intervenido reiteradamente en el continente, desde su papel en la coalición que derrocó al gobierno del dictador libio Muammar Kadafi, hasta el envío de personal militar a Uganda y el sur de Sudán, pasando por el uso de naves aéreas no tripuladas y de aliados armados por Estados Unidos para intervenir en la guerra civil en Somalia. Añádase a ello el papel de empresas contratistas privadas como Dyncorps en la capacitación de tropas africanas, y los alcances de la capacidad intervencionista de E.U. en África se tornarán evidentes. Nada en la nueva estrategia defensiva de Obama le impedirá dedicarse a actividades similares en el futuro o bien expandirlas.

En América Latina, la forma primordial de participación militar estadounidense en los últimos años ha sido el abastecimiento de armas y entrenamiento militar mediante una diversidad de programas, muchos de los cuales no parecen de naturaleza bélica a primera vista. De acuerdo con la base de datos “Sólo Hechos” que mantiene el Centro para la Política Internacional, el Grupo de Trabajo para América Latina y la Oficina de Washington sobre América Latina, la asistencia militar y policiaca que provee Estados Unidos a Iberoamérica y el Caribe sumará casi mil millones de dólares para el ejercicio fiscal de 2012; la ayuda total militar y policíaca a la región desde 2007 rebasa 7,500 millones de dólares. Tan sólo en 2010 las ventas de armamento de E.U. a la región alcanzaron otros mil setecientos millones de dólares. Agréguense los despliegues de tropas estadounidenses en el hemisferio bajo la categoría de actividades humanitarias y contra el narcotráfico la presencia militar estadounidense en el hemisferio resulta más que sustancial. Nada indica que la nueva estrategia de la administración Obama vaya a modificar lo anterior; si acaso, algunos elementos como las rotaciones de tropas y ejercicios bélicos podrían aumentar.

En resumidas cuentas, la nueva estrategia estadounidense como la enunció el Secretario de la Defensa de E.U. Leon Panetta, indica que Estados Unidos sigue queriendo estar preparado para combatir y derrotar a cualesquiera enemigos en cualquier lugar. Lo que Washington no ha respondido, o ni siquiera se ha preguntado en el congreso o en los principales círculos políticos, es si la de Obama es una estrategia que busca enemigos que la justifiquen, más bien que un enfoque disciplinado para la defensa de Estados Unidos contra amenazas genuinas. Las soluciones a los desafíos más obvios para la seguridad de E.U., desde ataques cibernéticos a la proliferación nuclear, no son militares; en cuanto al futuro, los retos potenciales como la “amenaza china” se resuelven mejor a través de la cooperación política y económica que por medio de alardeos o acumulación de poderío bélico.

La “nueva” estrategia de Obama apenas tiene algo nuevo; el cambio genuino surgirá cuando los dirigentes estadounidenses abandonen la idea obsoleta de que Estados Unidos debe estar listo para trasladarse a cualquier lugar y librar cualquier batalla con la pretensión de seguir siendo “el policía del mundo.”

William Hartung es director del Proyecto de Armamento y Seguridad de la Campaña para una Defensa Común (Common Defense Campaign: Arms and Security Project), en el Centro para la Política Internacional (Center for International Policy, CIP). Igualmente fue director de la Iniciativa de Armamento y Seguridad en la Fundación New America así como del Arms Trade Resource Center en el World Policy Institute (Instituto de Política Mundial). Su último libro es Prophets of War: Lockheed Martin and the Making of the Military-Industrial Complex (Profetas de la Guerra: Lockheed Martin y la Construcción del Complejo Industrial Militar), Nation Books, 2011. Sus colaboraciones han aparecido en el New York Times, Washington Post, Los Angeles Times, The Nation y The World Policy Journal, y se ha presentado en 60 Minutes de la CBS, Nightly News de la NBC. Es columnista para el Programa de las Américas.

Traducción: María Soledad Cervantes Ramírez

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Valor Econômico - Defesa Nacional.

Prosuper - Licitação de € 3 bi atrai Navantia ao Brasil

17 de Janeiro, 2012 - 10:46 ( Brasília )




Fragatas F-100
Virgínia Silveira

O estaleiro Navantia, maior empresa de defesa da Espanha, vê o programa de reaparelhamento da Marinha brasileira como uma grande oportunidade para incrementar seus negócios internacionais na área de construção naval militar, setor que responde por 80% do faturamento do estaleiro, de € 1,6 bilhão por ano.

O objetivo da empresa é aumentar a participação do mercado internacional na receita do grupo, hoje em torno de 47% e com isso amenizar os efeitos da crise econômica que reduziram o orçamento da área de defesa e congelaram os programas.

A empresa quer trazer ao Brasil a experiência bem sucedida de transferência de tecnologia feita com as Marinhas da Venezuela, Austrália, Índia e Noruega, onde o acordo de offset (compensação tecnológica e industrial) com as empresas locais superou em 100% o valor do contrato.

A oportunidade mais concreta neste momento está sendo a concorrência para o fornecimento de onze navios de superfície, conhecido como Programa de Obtenção de Meios de Superfície (Prosuper). Avaliado em cerca de € 3 bilhões, o Prosuper prevê a aquisição de cinco fragatas ou navios de escolta de 6 mil toneladas, cinco navios de patrulha oceânica de 1,8 mil toneladas e um navio de apoio logístico de 12 mil toneladas.

"Queremos usar o Brasil como plataforma de exportação para outros países da América do Sul", disse o principal executivo da Navantia, controlada pelo governo espanhol, Luis Cacho Quesada. O executivo diz que a Navantia não é só construtor de plataformas de navios, mas tem ampla capacidade de integração dos diferentes sistemas que equipam os navios.

"A nossa estratégia com o Brasil vai além da venda dos navios. Queremos estabelecer associações industriais duradouras e passar a experiência da Navantia em gestão de programas complexos", afirmou. O prazo de execução do programa é estimado em 15 anos. A primeira fragata será construída na Espanha para facilitar o processo de transferência de tecnologia aos estaleiros brasileiros desde o início.

A Navantia participa do Prosuper em parceria com a americana Lockheed Martin. Com a transferência de tecnologia, o gerente do Prosuper na Navantia, Ricardo Biarge Zapatero, diz que a Marinha do Brasil será capaz de fazer a manutenção, modificar e implementar melhorias nos navios, o que exigirá participação da indústria local (estaleiros e empresas com tecnologia para trabalhar em sistemas de combate).

Alguns acordos de colaboração, segundo ele, já foram fechados com a Atech, Mectron, Avibras e Omnisys, além de conversas com os estaleiros Odebrecht e Eisa. Em novembro, a Navantia reuniu mais de 80 empresas no Rio de Janeiro, interessadas em ouvir detalhes da oferta para o Prosuper. "Vamos fazer uma nova jornada com essas empresas, em São Paulo", disse Quesada.

Nem mesmo o anúncio de que a inglesa BAE Systems, que também disputa o Prosuper, conseguiu um contrato de fornecimento de três navios de patrulha oceânica para a Marinha do Brasil, desanimou os espanhóis. "Pelo que nós tivemos conhecimento trata-se de uma compra de oportunidade, que atenderá às necessidades mais imediatas da Marinha brasileira. Isso não deve alterar os planos estratégicos em relação ao Prosuper", afirmou o executivo.

Os navios, comprados pela Marinha brasileira, a um custo de 133 milhões de libras esterlinas (R$ 387,2 milhões), foram originalmente construídos para a Guarda Costeira de Trinidad-Tobago, que cancelou a encomenda quando os navios já se encontravam em provas de mar.

O vice-presidente Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), Carlos Afonso Pierantoni Gambôa, disse que a compra foi uma oportunidade boa e barata, pois a BAE tinha urgência em vender as embarcações. A fabricante tentava vender os patrulheiros há mais de um ano.

"As empresas locais não gostaram dessa compra porque os navios já estão prontos, mas pelo menos a manutenção deverá ser feita no Brasil e elas poderão, eventualmente, produzir os equipamentos que faltarem", completou. A BAE informou, em comunicado, que o contrato com a Marinha também inclui licença de fabricação, que permite a construção de outros navios da mesma classe no Brasil.

Na nota da BAE Systems, o diretor de Engenharia Naval da Marinha do Brasil, contra-almirante Francisco Deiana, disse que esta aquisição não muda o escopo do Prosuper em relação a compra de outros cinco navios patrulha, a serem construídos no Brasil. Procurada pelo Valor, a Marinha não respondeu, até o fechamento desta edição, a um pedido de informações enviado no dia 19 dezembro.

Para o Prosuper, a Marinha está em negociação com estaleiros projetistas de seis países, além da Espanha: Alemanha (ThyssenKrupp); França (DCNS), que já atua no programa brasileiro dos submarinos; Coreia do Sul (DSME); Holanda (Damen); Reino Unido (BAE); e a Itália (Fincantieri), que chegou a ser considerada como favorita até o final de 2010, mas com a mudança de governo e os cortes no orçamento da Defesa, os rumos do programa mudaram.

A decisão do Prosuper é esperada para este ano, mas a data ainda não foi definida. Neste momento, segundo a Navantia, a Marinha está revisando as propostas enviadas, e a partir daí vai definir os requisitos finais do projeto. "Acredito que até fevereiro devemos concluir nossa oferta definitiva para o programa", comentou Quesada.

A repórter viajou a convite da Navantia.

FT - China

Shares rise after China growth data

By Jamie Chisholm, Global Markets Commentator.

Tuesday 12:30 GMT. Traders’ focus has turned from the eurozone to China, where GDP data and government efforts to bolster the stock market have triggered a 4 per cent surge in Shanghai and a broad rally across Asia.
The FTSE All-World equity index is up 0.9 per cent and gold has gained 1.3 per cent to $1,664 an ounce.
More
European bourses are joining in the fun, with the FTSE Eurofirst 300 adding 0.8 per cent. US equity futures suggest Wall Street’s S&P 500 will greet the opening bell with a 1.1 per cent pop, taking the benchmark above the 1,300 level for the first time since August.
There is a broad “risk-on” mindset sweeping dealing desks. Assets that tend to display a high beta to global growth hopes are seeing demand, with the Australian dollar up 1.1 per cent and copper surging 3.2 per cent to $3.75 a pound.
Conversely, perceived havens are under pressure. The dollar index is down 0.8 per cent and Treasuries are experiencing some selling, pushing 10-year yields up 3 basis points to 1.90 per cent.
The main geographical source for the burst of bullishness is clear, the rationale less so. News that China’s fourth-quarter GDP grew 8.9 per cent was the trigger, but opposite explanations for the market’s reaction were proffered by investors.
One view was that growth was sufficiently weak – the slowest in 10 quarters – that it would allow Beijing to ease monetary policy, considered a good thing by some traders.
The other argument was that with the market so worried about a slowdown in Europe, evidence that activity in the world’s second biggest economy was still so relatively robust – December industrial production rose 12.8 per cent from a year earlier and retail sales surged 18.1 per cent – would calm nerves about a global double dip.
But there may be a third reason for the Shanghai Composite’s 4.2 per cent bounce and the FTSE Asia-Pacific’s 2 per cent rally. Chinese state media reported Beijing was introducing a number of measures deemed supportive of stocks, such as accelerating approval for foreign investors and curbing new share issues.
Regardless of which reasoning carries the greater weight, at least the news from China has shifted the focus away, for the time being, from the eurozone’s woes.
Indeed, Europe is chipping in with some positive news of its own on Tuesday. The euro is up 1 per cent to $1.2786, helped by a well-received auction of Spanish short-term paper and after the ZEW survey of German investor sentiment saw its biggest ever jump in January.
And Italian 10-year yields, the current favoured gauge of eurozone angst, are down 13 basis points to 6.49 per cent as some analysts argue that the bloc’s ability to shock investors is weakening, citing the manner in which markets have recovered since Friday’s mass eurozone sovereign downgrade and the cutting on Monday of the zone’s bail-out fund, the EFSF.
The euro’s strength comes despite news that the continent’s banks placed a record half a trillion euros at the European Central Bank, a sign commercial lenders remain wary of their peers.
“More evidence of a soft landing in China should help underpin the recent resilience of market sentiment despite the ongoing European situation,” said Barclays Capital in a note to clients.
......
Trading Post
US investors will return on Tuesday from their Martin Luther King Jr holiday with equities at possibly an important inflection point. The S&P 500 closed on Friday just shy of five-month highs, with bulls excited by the benchmark’s stoicism after it managed to more than halve its initial eurozone downgrade-inspired losses.

The rally off lows came despite weakness in financials following JPMorgan’s poorly received results. The fourth-quarter reporting season really kicks into gear this week and further weakness in banks may make a push for the S&P to higher ground that much more difficult.
Away from earnings and euro headline risk, support is coming from generally better economic data, such as Friday’s news that US consumer sentiment hit an eight-month high in January.
Contrarians may be wary, however. The American Association of Individual Investors’ weekly survey shows bearishness near a seven-year low, a trend that will trigger calls that retail investors are too optimistic.
And yet correlations between equities, as measured by the CBOE’s ICJ Index, are well above long-term averages, suggesting investors lack the conviction to be discerning.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Estadão - BNDES

BNDES dará R$ 23 bilhões à infraestrutura neste ano

Para sustentar a taxa de crescimento, grandes obras de energia, logística e transporte terão quase 28% a mais do que em 2011

13 de janeiro de 2012 | 22h 55


Alexandre Rodrigues, de O Estado de S. Paulo
RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai aumentar este ano o financiamento de grandes obras de infraestrutura, que o governo quer acelerar como forma de sustentar a taxa de investimentos na economia em meio à instabilidade internacional.

Em entrevista ao Estado, o diretor de Infraestrutura e Insumos Básicos do BNDES, Roberto Zurli, disse que o banco se prepara para despejar R$ 23 bilhões em projetos de energia, logística e transportes em 2012, quase 28% a mais do que o emprestado em 2011.

No ano passado, os projetos de infraestrutura consumiram pouco mais de R$ 18 bilhões, o que já representou uma alta de 15% em relação a 2010.

O desempenho fez o setor tomar a liderança da indústria no desembolso total do banco em 2011, ainda não divulgado, de cerca de R$ 140 bilhões. Apesar da retração de 17% do crédito total do BNDES em relação aos R$ 168 bilhões de 2010, a atuação do banco na infraestrutura continua em crescimento.

"A infraestrutura tem uma demanda crescente e é um motor importante no crescimento do País. Há uma demanda firme de longo prazo", afirmou o diretor. Além de contar com o caixa do BNDES, o governo tem como estimular os investimentos com o calendário de leilões de concessão e a execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que tem no banco de fomento o principal financiador por meio de um programa com vigência até 2014.

Segundo Zurli, o setor de energia elétrica seguirá liderando os desembolsos. Em 2011, o setor ficou com 76% das liberações para infraestrutura com o início das liberações de créditos, como os das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, e o da planta nuclear de Angra 3, no Rio. O banco também concedeu um empréstimo-ponte de R$ 1 bilhão para a construção da Usina de Belo Monte, no Pará, cujo financiamento o diretor espera ter aprovado até março. Até lá, o BNDES pode aprovar uma nova operação intermediária, diz o executivo.

"Há essa possibilidade de um ponte adicional para não prejudicar o ritmo das obras, que estão em ritmo acelerado. Tempo é dinheiro para esses projetos", justificou. Segundo Zurli, a solução do licenciamento ambiental e a reestruturação acionária do consórcio deixaram apenas detalhes burocráticos para a aprovação do crédito. "Não há dúvidas quanto ao projeto em si."

A operação será a maior já aprovada pelo BNDES, que poderá financiar até 80% da obra orçada em mais de R$ 20 bilhões. O último recorde foi o crédito de Jirau, de R$ 7,2 bilhões.

Outras áreas. Apesar do foco em energia, o BNDES espera aumentar este ano o crédito em outras áreas, como as de portos, ferrovias e rodovias. O BNDES já conversa com os grupos que se articulam para disputar Guarulhos, Brasília e Viracopos no leilão de fevereiro para financiar os investimentos nos aeroportos.

No radar do banco também está a nova tentativa de licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV) que vai ligar Campinas, São Paulo e Rio este ano.

Mesmo com a gradativa redução do reforço do caixa do BNDES com empréstimos do Tesouro, Zurli diz que o banco está confortável para seguir como principal financiador de grandes projetos de longo prazo em infraestrutura, cuja superação de gargalos pode estimular investimentos em outros setores.

Somando o crédito para grandes projetos às operações indiretas de menor porte para aquisição de máquinas, equipamentos e veículos, a infraestrutura respondeu por 41% de todas as liberações do BNDES até outubro, R$ 42,6 bilhões, enquanto a indústria ficou com 31%, R$ 32,07 bilhões. Em 2010, sob impacto do aporte do BNDES na capitalização da Petrobrás, a indústria liderou com 47% dos recursos do banco.

O BNDES ainda financia investimentos em infraestrutura urbana, como saneamento e mobilidade, mas essas operações são agrupadas na diretoria de Inclusão Social. Também ficam nessa área os financiamentos para estádios e hotéis para a Copa do Mundo de 2014, que já têm mais de R$ 3 bilhões contratados.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Por quê os EUA não bombardearam o Irã?

Amigos e leitores,

Compartilho com vocês texto do Prof. Ido Oren da University of Florida que executa uma reflexão bastante interessante sobre os motivos de ordem interferiram na decisão de não atacar o Irã por parte do governo dos EUA.

Segue o link:




Boa leitura!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Latin American Business Report 2011

Leitores,

Graças ao Professor Terry McCoy da University of Florida disponibilizamos em nosso blog a versão 2011 do Latin American Business Environment Report. O estudo tem sido realizado nos últimos treze anos ininterruptamente pelo Latin American Business Environment Program no Center for Latin American Studies at the University of Florida.

Acredito que o material possa servir a diversos públicos interessados na temática em questão. Agradeço ao professor McCoy e a sua equipe por me manterem na lista de emails dos receptores primários do LABER desde 2009.

Apreciem a leitura!

Carta Maior - O Irão e o Oriente Médio.

O cerco ao Irã

Todo o alarde por parte dos EUA e Israel é insustentável e serve para camuflar aquilo que realmente é motivo de preocupação: a crescente importância estratégica do Irã e sua liderança na região do Grande Oriente Médio. Longe de ser o arauto do apocalipse, o sonho do Irã, que sempre foi um "ator racional", é alcançar a hegemonia regional. Por quais motivos o Irã poderia ser convencido a suspender o enriquecimento nuclear sem que, da mesma forma que Israel, suas preocupações com sua segurança sejam levadas em consideração? O artigo é de Reginaldo Nasser.
Reginaldo Nasser


O Departamento de Estado dos EUA declarou no final do mês de dezembro que o Irã estava manifestando "comportamento irracional" ao ameaçar fechar o estreito de Hormuz, ponto de passagem de 20% do petróleo mundial. Algo improvável já que grande parte dos 2,2 milhões barris/dia (mais de 50% de sua receita) que o Irã exporta passa pelo Estreito e sua obstrução viria causar sérios danos em sua economia que já sofre com as sanções internacionais. Na verdade, a declaração do vice-presidente do Irã, Mohammad Rahimi, foi que "não passaria uma só gota de petróleo pelo Estreito SE o Ocidente impusesse sanções sobre as exportações de petróleo de seu pais”.

Como já é de costume, quando se trata dos países rotulados como rogue-states, a questão hipotética de uma agressão dos EUA foi simplesmente suprimida na grande imprensa internacional. O que fez com que a declaração do iraniano aparecesse como uma ameaça e não como uma provável reação a um ataque. Claro que não se trata de um simples problema gramatical, mas de sim de linguagem típica de um poder hegemônico.

O Irã voltou a ser objeto de preocupação da chamada comunidade internacional – isto é EUA, Inglaterra, França e Israel - após a divulgação do novo relatório da AIEA (Agencia Internacional de Energia Atômica), no dia 8 novembro 2011, sobre a possível construção de instalações nucleares para fins bélicos, em um momento de eleições nos paises envolvidos. Em março, o Irã realiza eleições parlamentares que se espera ser um confronto entre radicais e moderados, enquanto nos EUA os candidatos do Partido Republicano nos EUA já anunciam a necessidade de bombardear o Irã ao mesmo tempo em que criticam a "fraqueza" do presidente Obama.

A grande imprensa norte-americana, como sempre, deu sua prestimosa colaboração para acionar os tambores da guerra. The Washington Post e The New York Times estamparam em sua matéria de capa, um dia após a divulgação do relatório, a informação de que os investigadores da AIEA acumularam uma coleção de novas evidências de que o Irã manifestou objetivos bélicos em seu programa nuclear. No entanto em matéria publicada na revista The New Yorker (November 18, 2011 Iran and the IAEA.) Seymor Hersch, após entrevistar uma série de especialistas sobre o tema, concluiu que as alegações básicas no relatório não continham nada substancialmente novo.

Robert Kelley, ex-diretor da AIEA, Greg Thielmann, ex-funcionário do Departamento de Estado e especialista no tema, e a organização Arms Control Association, cuja missão é incentivar o apoio público para o controle de armas de destruição em massa, observaram que a AIEA apenas reforçou o que a comunidade internacional já sabia desde 2003. Ou seja, que o relatório da AIEA apenas aponta indícios preocupantes e não há nada que indique que o Irã está realmente construindo uma bomba.

Portanto, “um Irã com armas nucleares ainda não é iminente e nem é inevitável. Aqueles que querem angariar apoio para um ataque ao Irã estão deturpando o relatório”.

Patrick Pexton, ombudsman do Washington Post, e Arthur Brisbane, editor do New York Times, responderam às objeções dos leitores, dois meses depois, concordando que, em nenhum momento a AIEA chegou a fazer uma declaração conclusiva clara. Brisbane declarou ainda que a linguagem utilizada pelo NYT estava equivocada e que o NYT deveria corrigir sua matéria porque trata-se de um caso que uma frase não faz justiça a um conjunto de nuances reveladas pelos fatos. Sendo que a distinção a ser feita é importante porque “o programa iraniano tem aparecido como um possível casus belli (ver NYT Public Editor: IAEA ‘Stops Short Of Making A Clear Conclusive Statement’ On Iran Nuke Program http://thinkprogress.org/ By Ali Gharib on Jan 10, 2012).

Na retórica de muitos políticos e comentadores americanos e judeus, a República Islâmica do Irã é retratada como um regime que não pensa sua política externa em termos de interesses nacionais. Invocam cenários apocalípticos de um pais inclinado a usar armas nucleares contra alvos israelenses ou europeus, sem se importar com as conseqüências sugerindo que o Irã aspira, na verdade, à autodestruição. Pois é suficientemente conhecida a capacidade militar de Israel. Aliás, como já observou o analista do Air Force Research Institute, Adam Lowther, não apenas os judeus, mas os palestinos teriam razão de sobra para preocupação, porque um ataque nuclear contra Israel iria devastá-los também.

Na verdade todo esse alarde por parte dos EUA e Israel é insustentável e serve para camuflar aquilo que realmente é motivo de preocupação: a crescente importância estratégica do Irã e sua liderança na região do Grande Oriente Médio. Longe de ser o arauto do apocalipse, o sonho do Irã, que sempre foi um "ator racional", é alcançar a hegemonia regional. Nos últimos oitos anos, o Irã construiu uma enorme rede de influência com xiitas e sunitas após os EUA derrubarem seus dois principais inimigos: o Talebã no Afeganistão e Saddam no Iraque; consolidou suas alianças com Hamas e Hezbollah, legitimados por seus êxitos eleitorais, tornando-se peça decisiva na Palestina e no Líbano.

No mesmo mês em que o relatório da AIEA foi publicado, os EUA anunciaram a assinatura de um acordo de venda de armas, munições, peças de reposição, treinamento de pessoal militar com a Arábia Saudita no valor de $30 bilhões. De acordo com oficial do Departamento de Estado, Andrew Shapiro, "essa venda irá enviar uma forte mensagem aos países da região que os Estados Unidos estão comprometidos com a estabilidade no Golfo e Médio Oriente." Cabe lembrar ainda a fala do príncipe Turki al-Faisal (chefe de inteligência na Arábia Saudita ) em reunião ocorrida em uma base militar da OTAN no Reino Unido (os documentos foram revelados pelo Wall Street Journal 22/07/2011) que "o Irã é muito vulnerável no setor de petróleo, e é nele que mais poderia ser feito para coagir o atual governo”. Argumentou que “a Arábia Saudita tem plena capacidade de produção [reposição] de quase 4 milhões de barris/dia - que poderíamos quase instantaneamente substituir toda a produção de petróleo do Irã”.

Qualquer que seja o perfil de uma nova ordenação nuclear esta deverá ser o resultado da interação dos motivos pelos quais um Estado persegue a energia nuclear, a legitimidade das restrições e, principalmente, que o país possa ter sua segurança garantida. Assim, é compreensível que Israel não vai desistir de suas armas nucleares (elemento de dissuasão) até que as suas preocupações mais amplas de segurança sejam resolvidas (e talvez nem assim). Mas por quais motivos o Irã poderia ser convencido a suspender o enriquecimento nuclear sem que, da mesma forma que Israel, suas preocupações com sua segurança sejam levadas em consideração? (Stephen Walt, A non-proliferation puzzle. S Foreign Policy , May 6, 2010).

Portanto, a polêmica questão nuclear envolvendo o Irã só poderá ser realmente discutida se a comunidade internacional vinculá-la ao processo de paz na região. Por falar nisso, onde estão Brasil e Turquia que exerceram papel fundamental de mediadores da crise com Irã, em 2010, impedindo uma ação militar que parecia iminente?

(*) Professor de Relações Internacionais da PUC (SP) e do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP).

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Estadão - Reportagem

Etanol deve voltar a competir, em preço, com gasolina, afirma BNDES

Banco anunciou nesta 4ª feira programa de R$ 4 bi para financiamento de plantio de cana-de-açúcar

11 de janeiro de 2012 | 19h 00

Irany Tereza e Alessandra Saraiva, da Agência Estado
RIO - Técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acreditam que o programa anunciado nesta quarta-feira, 11, para financiamento do plantio de cana-de-açúcar, o Prorenova, contribua não apenas para a garantia de suprimento, mas também para tornar os preços do etanol mais competitivos com os da gasolina.

Com orçamento de R$ 4 bilhões, o programa deve financiar a renovação e/ou ampliação de mais de 1 milhão de hectares de cana-de-açúcar. Este cálculo foi feito pelo BNDES levando em conta os recursos do novo programa e o custo de produção médio em um canavial, de R$ 4.500 por hectare.

O programa é inédito no banco que, até então, financiava apenas a estocagem de etanol. O plantio só era financiado quando ligado a algum projeto de expansão industrial. O Prorenova pode ser usado pura e simplesmente para o aumento da área plantada, como um financiamento agrícola.

A última edição de um programa de crédito para a estocagem de etanol, em 2010, teve orçamento de R$ 2,4 bilhões. Agora, os R$ 4 bilhões disponibilizados pelo banco, em operações indiretas (com intermediação de agente financeiro) e taxa de juros fixada em TJLP mais 1,3% ao ano, além de 0,5% pela intermediação, têm o objetivo principal de garantir o fornecimento do produto em 2013/2014. A reboque, o banco espera trazer de volta os preços do etanol a patamares mais competitivos.

Atualmente, a capacidade ociosa das usinas voltadas para produção de açúcar é muito menor do que as ligadas à produção de etanol. "A capacidade ociosa das destilarias atualmente é superior a 30%", acrescenta o gerente setorial do departamento de Biocombustíveis do BNDES, Arthur Milanez.

Cavalcanti comentou que a ideia por trás do programa é a percepção do banco da necessidade de suprir, com urgência, a crescente demanda por matéria-prima das usinas. Cavalcanti lembrou que, a frota de carros flex cresce, no País, em torno de 10% ao ano. A procura por etanol no mercado doméstico sobe na mesma magnitude. Na análise do executivo, as taxas de crescimento da demanda pelo combustível sustentarão o interesse pelo programa, que pode ser renovado, a depender da procura. A vigência do BNDESProrenova vai até 31 de dezembro deste ano.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Estadão - Artigo de Lee Siegel

O próximo presidente dos Estados Unidos

02 de janeiro de 2012 | 6h 50

Lee Siegel

Se os eleitores aceitarem por completo o fato de ele ser mórmon, Mitt Romney será o próximo presidente dos Estados Unidos. Não será eleito por suas ideias a respeito do futuro do país. Será eleito porque o presidente Barack Obama é negro. Apesar de tudo o que se fala sobre a divisão existente entre os eleitores americanos conservadores, eles votarão de forma unânime em qualquer candidato republicano que seja branco. Herman Cain, quem sabe? Este nunca teve qualquer chance.

Deixando de lado as considerações de cunho ideológico - admito que, embora espere que Obama seja reeleito, se Romney se tornasse presidente eu não pegaria a minha família e sairia do país. A verdade nua e crua, olhando retrospectivamente os últimos três anos, é que o presidente negro desconcertou a metade dos cidadãos deste país. Se Obama fosse branco, nunca teria encontrado a resistência frenética que o persegue praticamente desde a posse, em janeiro de 2009.

Não consigo lembrar de outro presidente americano que tenha despertado tanto rancor e ódio quanto Obama. Nixon foi odiado porque estendeu e intensificou uma guerra absurda no Sudeste Asiático, na qual pereceram 50 mil americanos. Clinton foi violentamente odiado pela direita, mas em especial na periferia da política americana - e não no que ela tem de mais tradicional.

Obama recebeu mais ameaças de morte do que qualquer outro presidente moderno. Ele provocou o tratamento mais desrespeitoso por parte da oposição de que se tem memória. Em várias ocasiões, os republicanos se recusaram a sentar com ele à mesa para negociar o compromisso mais básico. Quando, em setembro, o presidente pediu permissão para discursar em uma sessão conjunta do Congresso, John Boehner, o presidente da Câmara, recusou. Isto jamais aconteceu. Como alguns dos republicanos mais destacados afirmaram off the record, sua única estratégia é repudiar toda e qualquer iniciativa proposta por Obama.

São políticos ambiciosos. Eles não insultariam e obstruiriam o presidente se não tivessem a certeza de que este comportamento arbitrário provoca uma reação favorável em seu eleitorado. A verdade pura e simples é que os Estados Unidos são na realidade dois países. "Vermelhos" e "azuis" - como costumam ser designados respectivamente conservadores e liberais - são qualificativos que não traduzem a feroz polaridade expressa pela fratura. Estas duas Américas existem desde a Guerra Civil. Os transtornos econômicos e a desorientação social só contribuíram para tornar as divergências entre ambos ainda mais amargas.

A divergência mais profunda diz respeito à raça. Não que os conservadores sejam racistas e os liberais não. O mito da inteligência de uma raça foi relegado à margem da vida americana. Hoje existe uma sólida classe média negra e um crescente estrato social de negros ricos. Milhões de donas de casa brancas bebem avidamente cada palavra de Oprah Winfrey. Personalidades negras irrefutáveis em todos os aspectos da nossa vida servem de modelo de comportamento às crianças brancas. Uma breve incursão em qualquer pátio de escola revelará grupos de crianças negras e de crianças brancas que se segregam voluntariamente, mas tribalismo não é racismo. Toda a vida social é uma lenta jornada que leva da semelhança à diferença.

Contudo, não obstante todo o progresso social ocorrido nos Estados Unidos, uma ideia de hierarquia permaneceu arraigada nas profundezas da mente americana. Quando a indústria do país entrou em crise, e milhões de trabalhadores brancos perderam os seus empregos ou tiveram de aceitar ocupações inferiores, nunca deixou de persistir um sentimento atávico de que os brancos sempre deteriam uma posição social acima da dos negros.

Porque, apesar da ascensão de alguns negros em todos os campos da vida americana, a preponderância dos negros ricos e bem-sucedidos ocorre nas áreas do entretenimento e dos esportes. É fácil para a classe média baixa branca afetada pela crise sentir-se superior a personagens, por mais que estes sejam pessoalmente dotados, cujo trabalho consiste em representar para dar prazer a um público.

De repente, quando todo o universo do trabalho e da posição social parecia mudar, apareceu um presidente negro, e como se não bastasse, um intelectual. Isto foi, e é demais para pelo menos a metade do país, que todos os dias vê seu mundo virar de cabeça para baixo, em vários sentidos. Neste país, há pessoas, talvez a maioria, que votarão contra Obama simplesmente para corrigir o erro histórico que sua presidência representa para elas. Em comparação com a aberração, na opinião delas, de um presidente negro, o fato de ter um presidente mórmon parece menos aberrante. Observem Romney atentamente quando ele aparece no noticiário. Os candidatos à presidência costumam esforçar-se em projetar um ar de confiabilidade, estabilidade, conhecimento e sucesso. Romney se esforça, principalmente, por parecer branco.