domingo, 16 de junho de 2013

Qual a direção dos nossos sonhos e indignação?

Por Creomar de Souza


Outro dia o amigo Márcio Scherma postou uma reflexão bastante significativa acerca dos protestos e da necessidade de que essa indignação migre para uma transformação do sistema político. Hoje, lendo um texto acerca de uma palestra do Castells, eu fiquei me perguntando se realmente há espaço para alguma alteração sistêmica de fato. 
Alguns dias atrás postei em meu blog, o Interações Internacionais, um vídeo onde se explica o poder dos financiadores no processo de escolha dos candidatos nos EUA. Tal lógica se aplica, a meu ver, a quase todas as democracias representativas do planeta e transforma a representação em algo pouco eficiente a medida que o poder econômico leva as instituições a sempre se flexionarem no sentido de atender os interesses de quem possuí tais recursos. 
Minha grande preocupação, em termos claros, é que a democracia, mesmo com todos os seus problemas, é ainda o melhor regime que possuímos (parafraseando o Churchill). Porém, acredito que a contemporaneidade traz a grande dificuldade de definirmos um conceito minimamente consensual sobre o que tal regime representa e a direção para o qual queremos levá-lo. 
No caso específico do Brasil, temos um procedimento formal bastante eficiente. Porém, é sintomático o fato de que a classe política não consegue atuar no sentido de resolver os problemas sociais. E, neste aspecto, eu acredito firmemente que temos a classe política que desejamos ter. Uma vez que, nossas ações em termos de comportamento social e político são marcados por omissão, leniência e um desejo de impunidade para tudo aquilo que fazemos individualmente em forma de transgressão (que atire a primeira pedra quem nunca estacionou em local proibido ou tentou burlar a lei seca). 
Considero justa a indignação que tem povoado as cidades brasileiras e considero necessária a ida a rua. Bem como acho bastante interessante ver a geração do Ipod enfrentar o status quo (isso particularmente me surpreende, pois ainda os considero bastante tendentes ao autismo social). De toda maneira, acredito que é papel da sociedade tentar refletir sobre os acontecimentos sem travas morais ou conceituais. Ontem, aqui em Brasília, mesmo dentro do estádio, eram audíveis as bombas do lado de fora. E aí me ocorreu a pergunta: Quem é cidadão? E eu respondi a minha própria pessoa: todos. E cada um tem o direito de se expressar ou não se expressar de acordo com suas convicções ou a falta delas (descrer também é uma opção política válida). 
Enfim, mais do que tentar convencer alguém de algo, esse texto tem por objetivo levantar questionamentos. O que desejamos de nós mesmos como sociedade? Para onde esse país deve se direcionar? Qual é o nosso destino senhoras e senhores? 

Um comentário:

  1. Bom, como um pequeno militante, estou motivado pelo meus ideais (que é mudar o que é errado, porém, em minha concepção do que é certo) e juntamente com ideais de outros (sendo baseado no senso da justiça), daí vale citar Voltaire "Que não posso concordar com nenhuma palavra que diz, porém, morrerei defendendo seu direito de dizer-las".
    Partindo disso, é válido qualquer um lutar por aquilo que quer, claro que se usando dos meios certos, porém, ultimamente tem se visto grande repercussão contrária, e as vezes bem manipulada do ocorrido, dando a impressão de meros vândalos querendo gastar seu tempo ocioso com algo sem fundamento. Não participei dos movimentos contra o sistema ditatorial militar, nem das "Diretas já" e nem do movimento "Cara Pintada", realmente não sei como foi, porém teve resultado, o povo teve a voz ouvida. Mas que de certa forma, ao entrar no XXI, esse mesmo povo ficou acomodado, perdeu sua maior força, sua melhor arma, seja por qual motivo que tenha sido. Porém, novamente, agora se ver raiar o mesmo brilho que antes cegava as injustiças, as manipulações, as coisas "erradas". E isso é ótimo para o povo, o questionamento, a cobrança, o querer de mais respeito, é de grande valor para qualquer sociedade. Isso levará um político a pensar duas vezes antes de prometer algo que não irá cumprir, de se fazer coisas de natureza leviana, de favorecer a discriminação, a exclusão, a indiferença social, e outras ações políticas dignas de repúdio que se viu e se vê frequentemente.
    O que se vê hoje é um grande BASTA, e que se faz jus as questões aqui levantadas. E espero que essa voz não se cale mais, e cada um a guarde, para que quando for-lhe necessário voltar a usar-la.
    Porque uma sociedade mais atenta, mais questionadora, mais ciente dos seus deveres e direitos, bem como os mesmos valores esperados pelos políticos, tornará a sociedade mais digna, coerente e eficiente, assim, tomando por um todo, estará mudando para essa nova perspectiva o país. E, que de uma vez, o Brasil seja cara e corpo de um representante de poder, de grandeza e de riqueza.

    ResponderExcluir