quinta-feira, 12 de abril de 2012

Texto de colaborador.


A crise ambiental no contexto Norte-Sul

Lucicleide Ferreira de Lima[i]
O modo de produção capitalista que tem como objetivo a geração de lucros tem proporcionado danos ambientais, sociais e econômicos tanto nos paises do Norte como os do Sul.
Para o historiador inglês Paul Kennedy, a fonte de conflitos ambientais são consequências da nova revolução industrial gerada pela construção de novos parques industriais tecnologicamente modernos. Isto ocasionou a substituição do trabalhador por equipamentos automatizados que proporcionam um aumento na produtividade, por outro lado, a saída daqueles trabalhadores provoca um alto índice de desemprego.
Este debate apresenta um novo panorama acerca do futuro da humanidade e o crescimento das desigualdades sociais em termos globais com ênfase no abismo que separa os Estados do Norte e os Estados do Sul.
Apoiada nas considerações de José William Vesentini, geógrafo brasileiro, em sua obra Novas Geopolíticas (2000). Percebe-se que o mesmo ao investigar as maiores disparidades entre o Norte e o Sul, detectou a problemática da demografia nos países pobres, onde as pessoas migram para os países ricos em busca de bem estar social. Esta emigração é provocada pelo próprio capitalismo que precariza as condições de trabalho nos países do Sul, e posteriormente, emprega os imigrantes com mão-de-obra barata nos países do Norte.
Destacando-se os padrões de desigualdades que caracterizam o estilo de desenvolvimento atual, diagnosticaram-se seqüelas de marginalização e de desintegração social, provocadas pela fragmentação institucional da sociedade contemporânea. Observa-se que as estruturas do mercado são imperfeitas, uma vez que beneficiam apenas uma parcela da comunidade global aqueles grupos que tem maior acesso a recursos financeiros.
Em relação à questão ambiental e a forma como são tratadas pelo Norte e pelo Sul, tem-se como exemplo a industrialização da China e da Índia. Nestes dois casos tem-se a priorização do desenvolvimento em detrimento à questão ambiental. Se tal movimento gera aumentos expressivos do PIB dos níveis de vida de parcela considerável de suas populações, por outro lado, observa-se uma depreciação dos espaços urbanos. Como exemplo,  citam-se os danos ambientais devido às emissões de carbono na atmosfera.
Comparando o atual cenário de busca desenfreada do crescimento econômico nos países em desenvolvimento, com o que foi produzido na primeira Revolução Industrial pelos países desenvolvidos, caberia perguntar se são justas as reclamações acerca da degradação ao meio ambiente que os países ricos alegam ser praticadas pelos países pobres, uma vez que, no passado, os mesmos países ricos utilizaram esse método para o seu crescimento econômico.
Na história dos países desenvolvidos, ressalta Vesentini que os norte-americanos e europeus destruíram grande parte de suas florestas no século XIX, e que, atualmente, um norte-americano consome em média 15 (quinze) vezes mais energia do que um brasileiro. Isso mostra o índice de desenvolvimento da matriz energética nos países ricos. No entanto, são crescentes as pressões dos países desenvolvidos contra o desmatamento da Amazônia. Assim, o que se nota é uma controvérsia gerada pela proposta de crescimento econômico, defendido pelas nações ricas e a proposta gerada a favor do desenvolvimento sustentável, a qual para se consolidar, requisita a ruptura com o modelo anterior de desenvolvimento e crescimento econômico.
Essa postura das autoridades dos países desenvolvidos parece estar ligada a certa preocupação com as ameaças geradas pelo desenvolvimento das economias periféricas, como é o caso da China, da Índia e do Brasil.
Já nas economias do Norte que são industrializadas, os problemas de meio ambiente estão associados à poluição e as políticas econômicas implantadas nestes países. Estes buscam evitar o agravamento da degradação e restaurar os padrões de qualidades de água, ar e solo. Nos países em desenvolvimento, contrariamente, a crise ambiental está relacionada ao aumento da miséria e à degradação dos recursos naturais, inclusive as matérias primas, que são exploradas e exportadas para os países desenvolvidos.
Consequentemente, não apenas a distância econômica aumentou entre o Norte e o Sul, como também o abismo em relação à crise ambiental entre os dois mundos, embora tanto os países do Norte como os do Sul sofram os mesmos impactos desta crise. A maioria dos problemas globais referentes à degradação do meio ambiente está relacionada ao comprometimento da camada de ozônio e ao efeito estufa; à degradação dos recursos naturais não renováveis; e, ainda, à miséria a que está submetida.
Restando, portanto, uma pergunta: Como exigir que populações famélicas e excluídas econômica e culturalmente adotem os princípios do desenvolvimento sustentável?







[i]  É internacionalista de formação e escreve no Blog do Professor Creomar de Souza todas as quintas-feiras.  As opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva do autor.

3 comentários:

  1. Lucicleide Ferreira, sem dúvida não é fácil exigir que populações com economias desfavorecidas criem a cultura do desenvolvimento sustentável, porém, não é impossível. O ideal seria que as economias dos países desenvolvidos dessem o exemplo, ao invés de só se focarem na busca pelo desenvolvimento econômico, como você bem coloca em seu texto. Só assim teremos um mundo melhor para todos, principalmente para aqueles que ainda virão. Parabéns pelo artigo. (Fúlvio Costa, jornalista) www.blogdofulviocosta.blogspot.com

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  2. Excelente artigo.

    Não é possível persistir neste modelo de desenvolvimento sem causar danos ambientais irreversíveis. As nações mais ricas tem uma responsabilidade maior pelo atual cenário, nada mais justo do que subsidiarem o desenvolvimento sustentável dos emergentes. O Brasil tem se destacado no cenário internacional por ter uma das economias mais "verdes" do mundo, este é um ponto crucial para o futuro do planeta, as economias, principalmente das grandes potências, terão que adotar modelos mais sustentáveis.

    Bruno Lima - Ministério Público da União.

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  3. Os paises do norte degradaram o ambiente durante séculos, e em nome de suas explorações, e do capitalismo selvagem, poluindo o que o ser humano tem de mais precioso,(o seu planeta, que é aquilo que deixarão de herança para os filhos) e o pior é que ninguém se da conta disso. Tudo isso implica em má qualidade de vida para todos, mesmo os que nao forem pegos agora, serão mais tarde seja rico ou pobre.
    E com o desenvolvimento de outros paises, se não forem achadas maneiras de sustentáveis para o crescimento, o planeta não aguentára.

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