quinta-feira, 12 de julho de 2012

Coluna quinzenal de Lucicleide Ferreira de Lima


Rio +20: a crise do Welfare state e a Economia Verde

Lucicleide Ferreira de Lima

Segundo Norberto Bobbio o Estado de bem-estar social, Welfare state, é analisado com instrumentos novos que levam em conta os primeiros sinais de crise no desenvolvimento das políticas sociais. Desta forma, as políticas sociais implementadas para a preservação do meio ambiente demonstram a crise do Welfare state, alterando essas políticas sociais para a política da Economia Verde, de um lado há atores buscando convergência e alternativas para um desenvolvimento sustentável, do outro as instituições financeiras multilaterais e suas coalizões, a Organização das Nações Unidas e alguns governos, juntos na defesa da Economia Verde.
Foi na Rio+20 que essas duas forças antagônicas, representadas pela a Cúpula dos Povos e representantes oficiais da Conferencia, construíram uma agenda de desenvolvimento sustentável baseado em seus interesses, quer sejam sociais – defendido pelo primeiro grupo, ou econômicos – defendidos pelo segundo.
A Cúpula dos Povos apontou o sistema capitalista como à causa estrutural da crise global, a verdade é que o sistema capitalista tem uma dinâmica de crescimento baseado na geração de lucros, aplicação de negócios rentáveis, no capitalismo não se produz para satisfazer as necessidades humanas mais para a obtenção de lucros, gerando outras formas de insustentabilidade, a agenda que a Cúpula dos Povos defendeu na Rio+20 está baseada na transformação social, a qual exige resistências as alternativas impostas pelos lideres oficias da Conferencia, o eixo de defesa da Cúpula vai desde a defesa do meio ambiente a defesa de direitos humanos difusos e coletivos, tais como: a mudança da matriz e modelo energético vigente, a soberania alimentar e alimentos contra agrotóxicos, a solidariedade aos povos e países, ao reconhecimento da dívida histórica social e ecológica etc.
Por outro lado, os lideres oficiais da Conferencia, com os 193 países, aprovaram com consenso o texto final elaborado durante o evento, o fato é que o texto não contribui de forma efetiva o que na prática ocorre nas políticas de sustentabilidade ambiental desenvolvidas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. A presidenta Dilma Rousseff durante o encerramento da Rio+20, salientou que as políticas de desenvolvimento sustentável no Brasil estão mais avançadas se comparadas com outros países, afirmando que a matriz energética do Brasil é 45% renovável, enquanto em outras nações é de apenas 7%.
Entretanto, levando em consideração os dados que a presidenta citou comparado com a extensão territorial do Brasil, o aproveitamento de energia é pouco explorado, o fato de ser um país tropical e existir apenas oito usinas solares comparadas as 985 usinas hidrelétricas, esses números é o que torna a estatística desproporcional e, para amenizar essa questão o governo brasileiro tem aprovado medidas de incentivo do uso de energias renováveis, mais como o Brasil ainda não tem essa tecnologia desenvolvida, seria necessário criar um parque industrial e atrair os investidores estrangeiros.
Uma alternativa seria a empresa chinesa Himim Solar de aquecimento solar, que através de seu presidente Huang Ming, que anunciou na Rio+20 a abertura de franquias de produtos ligados à energia solar e que já esta em parceria com a empresa brasileira Nadezhda, segundo dados econômicos do Departamento Nacional de Aquecimento Solar, o mercado de energia solar movimentou certa de US$ 500 milhões no Brasil em 2011, esses dados demonstram a rentabilidade da Economia Verde, por tal motivo os que se opõem a mercado ambiental a denominam de “Nova Versão do Capitalismo”.
Houve outros investimentos celebrados na agenda oficial da Rio+20, dentre eles será investido 513 bilhões de dólares em compromissos para o desenvolvimento sustentável, incluindo áreas como energia, transportes, economia verde, redução de desastres, desertificação, água, florestas e agricultura. Também foram firmados 692 compromissos voluntários para o desenvolvimento sustentável registrados por governos, empresas, grupos da sociedade civil, universidades e outros.
Portanto, é preciso que no cenário vigente de implementação de propostas de um desenvolvimento sustentado a presença de atores da sociedade civil, economistas, políticos, internacionalistas, grupos sociais etc, fiscalizando as políticas ambientais se vão a encontro das propostas sugeridas pela Rio+20, e se realmente é possível um Welfare state com modelo de Desenvolvimento Sustentável, ou Economia Verde sob a ótica do modelo capitalista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário