quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Uma breve reflexão neorrealista sobre a questão do Oriente Médio


Por  Alessandra Morais

O embate pela Palestina tem efeitos que se difundem por todo o Oriente Médio. Por esse motivo, os países árabes vivem em constante tensão política. No que tange à essa conjuntura, os pensamentos neorrealistas constroem lentes interpretativas do caso Oriente Médio, onde os conflitos de interesse entre as potências dessa região são um obstáculo para a solução do conflito Judaico-palestino.
As divergências entre as potências regionais do Oriente Médio de um ponto de vista teórico podem ser analisadas a partir da premissa neorrealista da competição entre os atores. Tal concepção pode ser interpretada a partir da ideia de que cada Estado que possui soberania organiza a sua agenda de forma a ter como principal objetivo a sua sobrevivência.
Com base no pensamento neorrealista de que o interesse primordial dos Estados é a segurança, cada ator almejará a sua permanência como Estado-nação no sistema internacional. Esse reconhecimento pode ser conseguido através do uso de instrumentos políticos ou do Direito Internacional.
Segundo o pensamento da escola neorrealista, o balanço de poder é a equivalência de poder entre as entidades estatais que lhes cria uma situação de equilíbrio. Pode ser criado pelos atores de forma deliberada ou espontaneamente no sistema em virtude de compatibilidades e arranjos naturais que se formam.
O ator internacional utiliza o balanço de poder para aumentar o número de Estados em sua aliança ou diminuir a aliança de outro Estado, sendo assim, os Estados fracos recorrem a esse método para não serem destruídos ou atacados, criando um possível equilíbrio de poder. Todavia, o balanço de poder é de difícil alcance quando há mais de dois pólos de influência.
O bandwagon, conceito formado pelos neorrealistas, é uma aliança conjunta entre os países, formando assim, um grupo de Estados dispostos a cooperar para alcançarem a realização de suas agendas, pois segundo os seus pensadores, os países não se agrupam ou alinham-se automaticamente.
Os países árabes mantêm-se no velho conceito realista de que os Estados são atores racionais, soberanos e unitários e por essa vertente, não haveria espaço para um possível bandwagon, sendo assim, os Estados não praticariam a estratégia de agrupamento em torno dos pólos para haver um possível balanço de poder e consequentemente o seu equilíbrio.
A solução do conflito Judaico-palestino é de difícil alcance por haver a multipolaridade na região, dificultando o estabelecimento de uma liderança, pois segundo Waltz, um sistema duopólio facilita a mobilidade dos atores e a política de balanço de poder. Sintetiza-se que os Estados agem com racionalidade e egoísmos, cooperando apenas para alcançar os seus interesses e ganhos relativos.

CARR, Edward. Vinte anos de crise: 1919-1939. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 2001.
COOK, Steven A. Nas areias movediças do Oriente Médio, 2012. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,nas-areias-movedicas-do-oriente-medio,961615,0.htm. Acesso em: 20 de novembro de 2012.
NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
SARFATI, Gilberto. Teoria das Relações Internacionais. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
WALTZ, Kenneth. Theory of International Politics. New York: Random House, 1979.

Um comentário:

  1. Fico feliz de encontrar alguém que veja o contencioso de uma perspectiva neorealista, minha monografia sobre o fracasso dos acordos de Oslo tem em seu marco teórico o neorealismo (também).

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