terça-feira, 22 de junho de 2010

Breve Reflexão do Acordo de Teerã

A assinatura do acordo de Teerã revela algumas características interessantes das políticas externas de Brasil, Turquia e Irã. Sendo que a primeira destas é o fato de que ambos os atores desejam de alguma maneira ocupar mais espaço no Sistema Internacional. Porém, as perspectivas acerca do que significaria tal protagonismo podem ser interpretadas como uma divergência entre os mesmos.

Analisando brevemente o caso, pode-se afirmar que se do lado brasileiro o protagonismo reflete a tentativa de fazer parte de maneira mais ativa nos foros internacionais. Do lado turco o protagonismo está vinculado, sobremaneira, a necessidade do partido do primeiro ministro Edorgan de aumentar sua base de apoio interno junto à população desvinculada do secularismo Kemalista. O Irã por sua vez, é o ator que possui o complicador de estar cercado por Estados relativamente não simpáticos e com artefato nuclear (Rússia, India e Israel). Além, da presença massiva dos Estados Unidos no Afeganistão.

Tal emaranhado de interesses explica o quão inequivocadamente complexo é o sistema internacional. O ajuste de interesses distintos com um objetivo comum - protagonismo - gera vantagens diferenciadas para cada um dos atores envolvidos. Neste aspecto especificamente, num primeiro momento, por mais que a diplomacia brasileira tenha comemorado um triunfo. Pode-se entender que o principal beneficiário foi a Turquia, pois, se do lado brasileiro a vontade de transformar-se em membro permanente do Conselho de Segurança veio logo a mente dos críticos. Do lado turco, pouco foi cobrado, sobretudo, pela dependência dos centros de poder norte-americano e europeu ocidental de angariar a boa vontade do governo turco (via seu papel chave na Otan).

O resultado fundamental deste ensaio, baseado em um jogo tentativa-erro - aprovação de novas sanções contra o Irã e críticas mais ou menos duras aos mediadores desinteressados. Serve como mecanismo de entendimento do quanto as mudanças podem oscilar entre uma velocidade alta e lentidões. De maneira clara, parece ser possível confirmar que se novos atores tem vontade de fazer parte do sistema de maneira mais ativa. Pode-se concluir também que os velhos centros de poder não estão nada dispostos a cederem espaços que julguem desnecessários.

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