segunda-feira, 28 de junho de 2010

Irã quer participação do Brasil em conversas sobre programa nuclear

Mahmoud Ahmadinejad diz que o país persa só votlará a negociar com o Ocidente no fim de agosto

28 de junho de 2010 | 9h 38
Associated Press

TEERÃ - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta segunda-feira, 28, que seu país não negociará com as potências ocidentais a respeito de seu programa nuclear antes do fim de agosto. A medida, segundo o mandatário, é uma "punição" aos países que votaram a favor de novas sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) contra o país persa em junho.

Em Teerã, Ahmadinejad disse a jornalistas que a decisão do governo é "uma punição ao Ocidente para ensiná-los o modo de negociar do Irã".

Ahmadinejad também disse desejar que Brasil e Turquia participem das negociações internacionais sobre o programa nuclear. Em maio, Irã, Brasil e Turquia firmaram um acordo, prevendo que o Irã enviasse urânio pouco enriquecido ao território turco, recebendo posteriormente em troca combustível para seu reator em Teerã.

O acordo foi visto pelos três países como um passo importante para romper o impasse, mas as potências fizeram ressalvas ao documento e acabaram aprovando uma quarta rodada de sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU, no início de junho.

As sanções foram aprovadas pela recusa de Teerã a interromper o processo de enriquecimento de urânio, que pode ter tanto fins pacíficos como bélicos. Membros temporários no Conselho de Segurança, Brasil e Turquia se opuseram à resolução punindo o Irã, mas foram voto vencido.

Guerra psicológica

Também nesta segunda, o Irã acusou a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) dos EUA de realizar uma "guerra psicológica" depois de o diretor deste órgão, Leon Panetta, dizer a um canal de televisão que o país persa dispõe de urânio enriquecido suficiente para a "fabricação de armas nucleares" e que poderia produzir uma bomba atômica em dois anos.

"Esse tipo de declaração é parte de uma guerra psicológica lançada para dar uma visão negativa das atividades nucleares pacíficas do Irã", disse Ramin Mehmanparast, porta-voz do Ministério de Exteriores do Irã, acrescentando que o programa nuclear iraniano tem fins pacíficos.

"Os responsáveis americanos e em particular seus serviços de inteligência sabem melhor que ninguém que o programa nuclear iraniano não é, de maneira nenhuma, militar", concluiu.


2 comentários:

  1. Essa novela do Irã, Brasil, Turquia, de um lado, e Estados Unidos e o CS-ONU, de outro, foi escrita, principalmente, pelas canetas de Washington.

    A política de duas vias da Casa Branca mais uma vez prova o mau caráter do governo Ianque. Incertezas a parte, a divulgada carta do Presidente Obama ao Presidente Lula deu todas as diretrizes do pacto nuclear entre Irã, Brasil e Turquia, por outro lado, após a oficialização do acordo, a primeira atitude do governo americano foi rejeitar o pacto trilateral, e depois, avançar nas sanções ao governo Iraniano. Esta atitude praticamente forçou o Brasil votar contra as sanções, criando um, em tese, um isolamento do país no CS-ONU.

    A conclusão que chego é a manutenção a política do Big stick pelos Estados Unidos da América, que, se aproveitando do soft power da diplomacia brasileira, jogou nas duas vias, amaciando o Irã através do pacto e o atacando com as sanções, em detrimento da reputação brasileira no cenário internacional. Fruto, ou não, da ingenuidade, a nossa diplomacia agora vai ter que se conformar e aprender que pra ser um potencia mundial terá de ler nas entre linhas, ou vai permanecer como um instrumento de manobra.

    Possíveis desdobramentos da crise:
    1) "O Brasil quer a bomba atômica", entrevista com José Goldemberg http://www.defesanet.com.br/energia1/br_nuc_3.htm
    2) O resultado do irrealismo diplomático
    http://www.defesanet.com.br/dn/27JUN10.htm

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  2. A Turquia uma vez dentro dessa causa não tem muito o que perder, já que a UE fica marinando em águas frias seu pedido de entrar para o grupo europeu. No entanto, estar no meio disso tudo traz para o Brasil o absurdo que se começa a especular, como na reportagem citada anteriormente do DefesaNet - "'O Brasil quer a bomba atômica', entrevista com José Goldemberg". Pombas, tanto nosso presidente, quanto o ministro da Defesa, quanto o Congresso Nacional já disseram que isso não é intenção do país.

    Concordo com Cukier, enquanto o Irã diz que não tem, que não faz, mais tempo é conseguido. E o que inicialmente levaria dois, 5, 10 anos para ser desenvolvido, de repente está num estágio irreversível que só pode ser aniquilado como aconteceu com o Iraque, mediante um ataque aéreo surpresa de Israel.

    Vale ressaltar que a mesma guerra psicológica, alegada por Mehmanparast, é praticada pela Coreia do Sul contra a RPDC e pela Rússia contra os insurgentes e separatistas. E sempre surte efeito, tanto no país alvo quanto na população do que combate.

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