sábado, 12 de fevereiro de 2011

Consequências econômicas da Crise Egípcia - Portal IG.

Brasil não deve ter perdas econômicas com crise no Egito

Impactos do curto prazo, como alta do petróleo e queda das exportações, não devem se estender por muito tempo, dizem especialistas

Ilton Caldeira e Klinger Portella, iG São Paulo | 11/02/2011 14:45

Os 18 dias de protestos populares no Egito – que culminaram com a renúncia do presidente Hosni Mubarak – não devem trazer perdas significativas para a economia brasileira, segundo especialistas ouvidos pelo iG. Embora a crise política tenha gerado impactos, principalmente nas exportações para o país e no preço do petróleo, as relações comerciais com os egípcios tendem a caminhar para a normalidade a partir de agora.

“A situação caminha para uma solução. Embora tenha gerado uma turbulência no curto prazo, eu não vejo a economia brasileira sendo prejudicada”, diz Antonio Corrêa de Lacerda, professor-doutor do departamento de economia da PUC-SP.

Ele considera que o impacto da crise política na cotação do petróleo gerou pouco reflexo para o Brasil, graças à atual situação do País com relação à matriz energética. “O aumento do petróleo para nós nem é tão ruim”, avalia.

Para Creomar Lima de Carvalho Souza, especialista em economia internacional e professor de Relações Internacionais no Ibmec Brasília, os reflexos da crise no Egito dependerão dos contornos que a condução política tomará a partir de agora.


Com relação ao comércio exterior, Antonio Corrêa de Lacerda pontua que empresas brasileiras deixaram de exportar para o Egito nos últimos dias, mas “a perda é temporária e não deve permanecer”."Se a situação for resolvida de forma rápida com um processo democrático e pacífico de transição, diminui a percepção de risco e seus efeitos principalmente sobre a cotação do petróleo. Nesse sentido, o Brasil tem pouco a perder nas relações comerciais com o Egito", diz. "Mas caso aja um vácuo de poder, e o exemplo do Egito se espalhe por outros importantes países do mundo árabe, a tensão pode aumentar", completa.

"O empresário brasileiro não vai querer correr o risco de enviar mercadorias sem ter a garantia de que vai receber", afirma Souza, do Ibmec Brasília. "Na primeira guerra do Golfo, quando o Iraque foi invadido, muitas empresas brasileiras que tinham negócios no Iraque nunca receberam os créditos pendentes com empresas locais e o governo iraquiano", exemplifica.

Segundo dados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em 2010, o Brasil exportou US$ 1,96 bilhão em produtos para o Egito, um crescimento de 36% frente ao observado no ano anterior. Os principais produtos exportados foram carne, açúcar e minério de ferro.

Na outra ponta, o Brasil importou US$ 168,8 milhões do Egito no ano passado, um volume 92% maior que o registrado em 2009, com destaque para fertilizantes, petróleo e algodão, que lideraram a lista de produtos.

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