sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Crescimento da Concorrência Industrial Chinesa - Jornal da Globo


Indústria brasileira perde espaço


no mercado para a China


A disputa é mais intensa em setores de materiais eletrônicos, calçados e têxteis. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, investir em qualidade e no design dos produtos é a estratégia usada pelos empresários brasileiros para competir .

Vladimir Netto

Os produtos chineses vêm atrapalhando os empresários brasileiros há anos, aqui e lá fora. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria mostra o tamanho do problema.

A CNI consultou 1.529 empresas. Quase a metade delas perdeu espaço no mercado interno para a China. E entre as que vendem para fora, 67% registraram perdas para os chineses.

Na China, a mão de obra é mais barata, a escala de produção é maior e a infraestrutura, melhor. Mas, o pior é o câmbio. O real está valorizado frente ao dólar e a cotação da moeda chinesa é controlada pelo governo.

“Isso faz com que os produtos de origem chinesa fiquem mais baratos que os produtos brasileiros industriais e com isso tanto mais difícil as empresas brasileiras concorrerem nos mercados internacionais, como nós observamos no crescimento das importações de origem chinesa no mercado brasileiro”, fala o diretor da CNI Flávio Castelo Branco.

A disputa é mais intensa em setores como o de materiais eletrônicos, calçados e têxteis. Que o diga o empresário Renato Bitter. A fábrica dele, que já chegou a vender 70% do que produzia para o exterior, hoje exporta só 20%.

“A única forma que nós encontramos de evitar a concorrência com os chineses foi investindo em maquinário e tecnologias que pudessem produzir tecidos com alto valor agregado, os quais eles dificilmente conseguem fazer”, diz o empresário.

De acordo com a CNI, investir em qualidade e no design dos produtos é a estratégia mais usada pelos empresários brasileiros para competir com a China. Os especialistas alertam que a disputa por mercados é uma briga que vai ficar cada vez mais difícil. A solução é se adaptar aos novos tempos.

“Nós não poderemos construir muros nos nossos portos e o único jeito efetivo de lidar com esse processo é se modernizando, investindo em inovação e, óbvio, exigindo políticas públicas que reduzam essa carta tributária que é absurda sobre a produção nacional”, explica o especialista em relações internacionais Creomar de Souza.

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