quinta-feira, 14 de abril de 2011

A COMPETITIVIDADE BRASILEIRA

Por Juliana Ribeiro Borges*

O Brasil está vivendo um período de oportunidades que poderá levá-lo a se tornar a 5ª. Economia mundial até 2020, a partir de um crescimento sustentado, por volta de 5% ao ano. Aliado ao fato dos países desenvolvidos ainda sofrerem as consequências da crise financeira de 2008, e com a inclusão de milhares de brasileiros à classe média, possibilita a criação de um mercado interno com enorme potencial de consumo. Enfim, um ciclo virtuoso que levará o Brasil a se tornar efetivamente um país desenvolvido e possivelmente, a 5ª economia mundial.
A crise financeira iniciada em 2008 atingiu principalmente os EUA e Europa, até então os motores do desenvolvimento mundial. Pela primeira vez, desde a quebra de 1929, uma crise atinge diretamente o centro financeiro e econômico do mundo. E com isso surgem novos pólos de desenvolvimento, fora dos denominados países desenvolvidos, deslocando o eixo dinâmico da economia mundial para novos atores.
Esses novos atores são os denominados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), no qual aconteceu a incorporação de milhões de pessoas à classe média. Este processo permitiu a criação de um mercado interno pujante, demandando novos produtos e serviços. Especialmente na China, com uma população de mais de um bilhão de habitantes, criou-se uma classe média de cerca de 300 milhões de habitantes, com uma política industrial que prioriza o mercado externo. Faz da China o grande parque industrial do mundo, com produtos baratos e superávit comercial, que permite um acúmulo de reservas que a coloca no centro das discussões econômicas. Na última década a China cresceu a inacreditáveis taxas de 10% ao ano, em média.
O Brasil, pela primeira vez em sua história, tem a oportunidade de acompanhar esse crescimento mundial como um dos atores principais, em menor escala do que na China. Com taxas de crescimento em torno de 5% ao ano (bem acima da média das previsões para os países desenvolvidos). Após o sucesso no combate ao período inflacionário, com uma economia diversificada, uma democracia consolidada, instituições sólidas e independentes, um mercado de capitais moderno e atuante, dentre os BRIC o Brasil é o que melhor dispõe desse conjunto de fatores.
Além disso, o Brasil possui um setor agropecuário desenvolvido, com alta produtividade, utilizando-se das pesquisas da Embrapa. Ainda poderá incorporar milhões de hectares de terras não aproveitadas, elevando consideravelmente sua participação na produção de grãos e demais produtos agropecuários, tornando, efetivamente, o Brasil o celeiro do mundo. A demanda por alimentos só tende a aumentar, a incorporação de milhões de pessoas ao mercado consumidor, especialmente na China e Índia. Assim sendo, provocará o aumento da necessidade mundial por alimentos e o Brasil é o candidato natural a suprir essa demanda. Outro fator importante é o setor mineral, onde o Brasil possui enormes reservas, especialmente de minério de ferro, essencial para a indústria siderúrgica, atingindo excelentes preços com o aumento da demanda mundial, especialmente pelas siderúrgicas chinesas.
Somando-se a tudo isso, a descoberta do petróleo no mar territorial brasileiro, o pré-sal, vastas reservas de petróleo a 7.000 metros de profundidade no Oceano Atlântico. Possibilita o Brasil a se tornar um grande exportador de petróleo. Além dessa reserva natural, o impacto na exploração do petróleo em tais condições, pode desenvolver e agregar novas tecnologias necessárias para a extração do óleo em alto mar. Criando oportunidades para o setor industrial ligado à cadeia petrolífera, tornando-os parceiros nessa empreitada.
Neste contexto, o Brasil assumiu a responsabilidade de promover a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e das Olímpiadas de 2016. O Brasil poderá utilizar tais eventos como catalizadores de investimentos necessários na infraestrutura para melhorar condições efetivamente desfavoráveis das cidades brasileiras (aeroportos, mobilidade urbana, urbanização, saneamento, turismo etc.), além de servir como cartão de visitas do Brasil na sua entrada como país desenvolvido.
Portanto, o Brasil adquire um caráter de país visto pelo resto do mundo como uma terra de possibilidades. No entanto, para atingir essa previsão de 2020 será necessário resolver diversos gargalos que atrapalham a competividade brasileira comparada com outros países emergentes, especialmente a China.
Identifica-se abaixo alguns desses entraves que dificultam o Brasil de competir nos mesmos níveis de outras nações dos Brics, notadamente, a China.
Falta de infraestrutura na área de logística: o Brasil possui imensas deficiências no setor de logística, especialmente transporte, portos, aeroportos.
- transporte de cargas concentrado principalmente em rodovias, aumentando os custos do frete.
- sistema ferroviário ainda pequeno, basicamente no setor de minérios, exigindo sua expansão para o setor de grãos, e outras cargas que atualmente são levadas de caminhões, atrasando encomendas, aumentando os custos e prejudicando as já precárias estradas brasileiras com um trânsito intenso de caminhões.
- As grandes cargas, especialmente em grandes distâncias, deveriam ser transportadas por ferrovia ou hidrovia, podendo ser levada do local de origem até os sues portos ou seu destino final.
- O transporte de rodovia seria utilizado em distâncias pequenas e médias, para distribuição dos produtos em um âmbito.

Concorrência com os produtos Chineses. A China utiliza uma política agressiva de incentivo às exportações. Ao manter salários baixos, câmbio desvalorizado, criou condições de produzir diversos produtos com uma forte competitividade. Diversos setores industriais brasileiros foram prejudicados, como têxtil, calçados, brinquedos etc., muitas empresas quebraram, umas resolveram transferir sua produção para o nordeste brasileiro, diminuindo custos. Outras começaram a produzir na China. Como também, comprando matérias primas da China, como o setor Têxtil.

Todos esses nós podem, numa primeira análise, desestimular investimentos no Brasil, entretanto, para uma visão empreendedora, tais entraves indicam oportunidades de grandes ganhos, em um país com uma democracia consolidada, um mercador consumidor em franca expansão, a perspectiva de ganhos compensa as dificuldades, é nessas condições que a aposta deve ser feita. E é isso que leva grandes grupos nacionais e multinacionais a investirem no Brasil.




Presidente da Capital Consultoria Empresarial Júnior
Empresa Júnior do Ibmec-DF

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