quarta-feira, 20 de abril de 2011

Infomoney - Redução da perspectiva de rating ressalta necessidade de ajuste fiscal nos EUA

Redução da perspectiva de rating ressalta necessidade de ajuste fiscal nos EUA

Por: Tatiane Monteiro Bortolozi


SÃO PAULO - A diminuição da perspectiva para o rating da dívida soberana dos Estados Unidos pela S&P, mais do que assustar os mercados e pressionar o desempenho das bolsas mundiais, ressalta a necessidade de consolidar rapidamente um ajuste fiscal no país. Em meio aos conturbados debates entre democratas e republicanos, economistas apontam que uma decisão é essencial para definir o modo como os investidores e os mercados passarão a olhar para o país daqui em diante.

"A política americana está muito complicada, como poucas vezes vimos na história", diz o economista sênior da LCA Consultores, Homero Guizzo. Após o presidente Barack Obama ter perdido a maioria no Congresso, a aprovação do novo Orçamento quase culminou na paralisação dos serviços públicos do país. Em forte campanha pela redução das despesas públicas, os republicanos aproveitaram para minar a popularidade do presidente, por meio da supressão de parte de serviços básicos para a população.

Ao aprovar um corte fiscal de US$ 37,8 bilhões, o maior da história norte-americana, os dois partidos concordaram com a necessidade da reduzir gastos públicos. Isso não significou, entretanto, que estejam de acordo sobre o método e os segmentos para aplicá-lo. Outra questão se impõe, diz o professor de Relações Internacionais da Ibmec, Creomar Lima Carvalho de Souza: "como cortar gastos em uma economia sem empregos?"

Plano de corte é um "ponto de partida"
Um plano de redução do déficit proposto por Obama na última semana visa reduzir a dívida federal em US$ 4 trilhões nos próximos 12 anos. Outros membros do Congresso advogam uma redução de US$ 4,4 trilhões, por métodos diferentes.

"Vemos o caminho para um acordo como desafiador, já que a diferença entre os partidos remanescem grandes. Há um risco significativo de que negociações no Congresso não atinjam nenhum acordo no médio prazo", disse a S&P em comunicado enviado na segunda-feira. A agência Moody's também se pronunciou sobre a indefinição fiscal, e reconheceu que embora o plano traga perspectivas positivas, ainda falta muito para ser concretizado.

"É como se a agência dissesse que está de olho na dívida pública e, se nada mudar, poderá acontecer um downgrade", diz Guizzo. O economista é cético em relação à uma efetiva piora na nota de risco, argumentando que a percepção do mercado financeiro sobre a dívida pública é mais importante do que a própria classificação da agência e a reação natural do mercado, que seria evitar a compra de Treasuries norte-americanos, seguiu uma movimentação contrária, talvez em busca de proteção contra os riscos de dívida soberana europeia. Além disso, nenhuma informação nova foi trazida aos mercados, completa Guizzo.

Desdobramentos políticos são incertos
Lima, do Ibmec, ainda aponta que desde 2008, o mercado está bastante ciente dos riscos atrelados ao mercado dos Estados Unidos. O importante seria avaliar de que forma o governo irá reagir para recuperar sua economia.

Caso as pressões no Congresso pelo Orçamento tornassem inviável um ajuste fiscal e a reeleição de Obama, o mercado e as agências de risco teriam mais um desafio pela frente: como avaliar a administração de um novo governo?, ressalta o professor.

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